Depois de três dias, equipes conseguem extinguir incêndios que destruíram mais de 750 hectares de vegetação

29/07/2020 17:09

O tempo mais fresco e úmido registrado nesta quarta-feira (29) ajudou no trabalho dos bombeiros e brigadistas que atuavam no combate a focos de incêndio em grandes áreas da Reserva Biológica de Araras (Araras/Vale das Videiras), Morro do Cobiçado e Taquaril, ambas próximo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O maior deles, na Reserva Biológica de Araras, consumiu 673 hectares de vegetação e foi extinto durante a tarde. Mapeamento feito pelo Corpo de Bombeiros mostra que Petrópolis perdeu só nos últimos três dias 750 hectares de vegetação destruídos por queimadas. A área equivale a 750 campos de futebol. 

O fogo no Taquaril e no Cobiçado também foi controlado pela manhã e extinto no início da tarde. No Taquaril, o fogo foi próximo à Pedra do Elefante e destruiu cerca de 30 hectares de área. Já no Cobiçado, na entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a queimada consumiu 47 hectares de vegetação. 

Em Araras, foram mais de 57 horas de operação e quase 100 pessoas envolvidas, entre bombeiros militares do 15º Grupamento Bombeiro Militar, brigadistas do ICMBio, IBAMA e Inea e agentes da Defesa Civil e Guarda Civil, que atuaram dia e noite no combate as chamas. As equipes se dividiram entre as três localidades, com mais de 20 viaturas e com o apoio de um helicóptero do Corpo de Bombeiros. Nesta quarta-feira, tiveram o auxílio de dois drones, já que o tempo instável impossibilitou o voo da aeronave. 

Mapa mostra a área atingida dentro da Rebio Araras.

Este foi o maior incêndio florestal registrado na cidade nos últimos dois anos. Segundo os bombeiros, todos os três focos foram provocados por ação humana, mas apenas o incêndio que atingiu a Rebio Araras teve o autor já identificado e preso. Segundo o tenente-coronel Gil Kempers, comandante do 15º GBM, 98% dos incêndios florestais em Petrópolis foram causados por ação humana. 

“Precisa mudar a forma das pessoas pensarem. Vi comentários em redes sociais das pessoas falando sobre aumentar a fiscalização, mas o que precisa é uma conscientização da população. Não pode queimar lixo, não pode queimar terreno, não pode soltar balão. Se formos colocar fiscalização, terá que ser um fiscal por habitante. A população cobra tanto os direitos, mas deve cumprir seus deveres. Qual é a participação da população nisso? Tem que melhorar a educação e a conscientização da população”, disse o comandante. 

Estes incêndios destruíram não apenas os 750 hectares de fauna e a flora, mas colocaram em risco a vida da população no entorno. Na noite de terça-feira e madrugada desta quarta-feira, três equipes se mantiveram no local para evitar que as chamas alcançassem as casas próximas a vegetação. “Coloca em risco todo mundo por conta de um incêndio que poderia ser evitado. Áreas que fatalmente estarão sujeitas a escorregamentos futuros. São 750 hectares de vegetação perdida, isso mexe com todo o meio ambiente, com a vegetação e os animais que viviam ali perderam seu habitat”, disse o comandante. 

O incêndio de maior proporção na Rebio Araras teve o autor identificado. O responsável está preso, foi autuado por tentativa de estelionato, por ter ateado fogo ao próprio veículo, com o objetivo de dar o golpe na seguradora, e por crime de incêndio, e responderá também administrativamente perante o Inea por infração ambiental com base na Lei Estadual 3467/2000, cuja pena é o pagamento de multa e a recuperação da área degradada.

Leia também: Justiça nega pedido de habeas corpus a homem que teria provocado incêndio na Rebio Araras

*Matéria atualizada às 18h27 para acréscimo de informações.

Últimas