Depois do trem de levitação, vem aí o passeio de gôndola no Rio Piabanha

18/02/2018 08:00

Imagina fotografar a Catedral São Pedro de Alcântara – um dos pontos mais visitados da cidade – dentro de uma gôndola? A ideia, um tanto, digamos,  ousada e quase inacreditável para a cidade, existe e foi apresentada em janeiro durante reunião do Conselho Municipal do Turismo (Comtur). O projeto conta com três etapas: a implantação do maglev (trem de flutuação magnética), a construção de uma galeria extravasora para captar as águas do Rio Quitandinha e a intalação das gôndolas.

"A ideia de tornar o rio Piabanha navegável é maravilhosa e é fundamental para o turismo da nossa cidade. A intenção é tornar Petrópolis cidade irmã de Veneza. Desde que ouvi essa ideia sonho com o momento em que se tornará realidade", comemorou a empresária e conselheira do Comtur, Célia D´Azevedo.

O projeto é idealizado pelos engenheiros Eduardo Gonçalves David e Angela França Pedrinho. Eles apresentaram a ideia no Conselho de Turismo e em março, o projeto será oficialmente divulgado durante o Primeiro Urban Hacking – evento de integração turística que será realizado na Rua 16 de Março. Na semana passada, a Tribuna publicou uma reportagem sobre o maglev. O projeto que prevê a implantação do moderno trem de levitação na cidade foi apresentada na 14ª Conferência Municipal de Trânsito e Transportes.

De acordo com Célia para o projeto ser executado é preciso que a Prefeitura publique no Diário Oficial o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). O PMI ou chamamento público também foi lançado durante a Conferência de Trânsito e Transportes. O objetivo é que as empresas apresentem projetos que contem com aspectos de aplicabilidade, instalação e funcionamento para compor uma futura licitação destinada a implantação e operação de um sistema de transporte.

No estudo que deverá ser entregue à CPTrans até agosto, deverão conter informações sobre a máxima velocidade média operacional com o menor custo tarifário; a viabilidade do projeto, mediante demonstração das metas e resultados a serem atingidos, prazos de execução e de amortização do capital investido; harmonia com o Plano Diretor; indicação do impacto orçamentário-financeiro, entre outros.

"Outras duas cidades – Londrina, em São Paulo e Juiz de Fora, em Minas Gerais – também estão com a intenção de receber esses projetos. Precisamos sair na frente e não correr o risco de perder esse investimento, mas para isso a Prefeitura precisa publicar logo esse edital para que toda essa ideia saia do papel e se torne realidade", frisou a empresária e conselheira do Comtur.

De acordo com o projeto apresentado no conselho, as obras para a implantação do maglev podem acontecer em conjunto com a construção da galeria extravasora. Já as gôndolas para os passeios turísticos podem acontecer em separado, assim que o Rio Piabanha se tornar navegável. 

Maglev: o trem do futuro

A ideia do maglev é ligar o Bingen e o Quitandinha ao Centro Histórico e terá capacidade para transportar até 130 mil passageiros por dia. O trajeto será de 15,3 quilômetros saindo do Quitandinha, passando pelo LNCC, Ponte Fones, Alto da Serra, Fábrica Dona Isabel até o Centro na altura da Praça São Pedro de Alcântara. De lá, parte para o Bingen, completando o arco.

O trem de levitação será subterrâneo e a tecnologia utilizada para a abertura dos túneis será inglesa, de acordo com o projeto apresentado no Comtur, onde será usada tuneladoras que escavam túneis duplos com menor agressão ao maciço e reduções de custo. Segundo os idealizados, os custos de implantação serão todos captados com investidores estangeiros. 

“Nossa proposta, com o MagLev, contará com tecnologia inglesa de ponta, além de estudos do próprio de Eduardo Gonçalves David, que é um dos que tem a patente dessa tecnologia no Brasil. Então, nossa intenção agora é montar um grupo para elaboração de um projeto detalhado dentro do que o edital apresentado define", destacou a engenheira Angela França Pedrinho, em entrevista para a Tribuna.

De acordo com Célia D´Azevedo, a ideia apresentada aos conselheiros é usar empresas de engenharia de Petrópolis e também firmar uma parceria com a Universidade Católica de Petrópolis (UCP). "Investimento de fora, mas aproveitando nossa mão de obra e universidade. A ideia é fantástica e sem custo para o governo que só precisa publicar esse edital", frisou.

Passeios de gôndolas imperais pelo Rio Piabanha

O segundo ponto do projeto audacioso apresentado pelos engenheiros Eduardo Gonçalves David e Angela França Pedrinho tem como foco fomentar o turismo na cidade. A implantação dos passeios de gôndolas pelo Rio Piabanha nas principais ruas do Centro Histórico é visto com alegria por empresários e conselheiros do Conselho Municipal do Turismo (Comtur).

"Será mais um atrativo turístico para a cidade. Um passeio de gôndola pelas principais ruas e passando pelos pontos túristicos é uma grande ideia para fomentar o turismo", ressaltou a empresário e conselheira, Célia D´Azevedo.

Os passeios nas gôndolas – que receberão o nome de imperais – pelo Rio Piabanha terão duração de 45 minutos. Os visitantes sairão do Obelisco em direção ao Palácio de Cristal, num trajeto de 1.800 metros,  passando por importantes pontos turísticos como a Catedral São Pedro de Alcântara e o Museu Imperial.


Galeria extravasora para reduzir o risco de enchentes

O terceiro ponto do projeto é a construção de uma galeria extravasora para captar as águas dos rios Quitandinha e Piabanha. De acordo com o projeto, o túnel, com cerca de quatro quilômetros de extensão, será construído com a mesma tecnologia por onde passará o maglev. A galeria de drenagem começará no Obelisco e seguirá até Cascatinha.

Para os idealizados do projeto, a proposta da construção da galeria extravasora é reduzir as constantes enchentes em parte da Rua do Imperador. "O projeto tem três vertentes: mobilidade urbana com o maglev, turístico com os passeios de gôndolas e estrutural com a construção do extravasor. Para esses três pontos há dinheiro de investidores e por isso a publicação do edital por parte da Prefeitura é o ponto mais importante", ressaltou a empresária e conselheira Célia D´Azevedo.

O projeto de construção da galeria extravasora apresentada ao Conselho Municipal de Cultura (Comtur) é parecido com outra proposta que começou a ser discutida em 2009, mas que até o momento não saiu do papel. Este projeto antigo foi elaborado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) por meio de uma parceria com o Ministério das Cidades. 

O valor inicial desta obra estava previsto em R$ 152 milhões. Entretanto, de acordo com o Ministério das Cidades, não foram apresentados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro os projetos de engenharia em nível suficiente para garantir a sua execução e funcionalidade. Por isso, em março de 2016 o Ministério das Cidades autorizou apenas a etapa de elaboração dos projetos de engenharia, com investimento da ordem de R$ 4,4 milhões. No momento, esse processo licitatório está suspenso e sob análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro e ainda não tem data para acontecer.

Instituto Civis questiona projeto

O presidente do Instituto Civis, Mauro Corrêa questiona o projeto apresentado em janeiro pelos engenheiros Eduardo Gonçalves David e Angela França Pedrinho ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur). Para ele, as ideias são inviáveis e inexequíveis. 

"Como proposta é até interessante, mas não há como serem executadas. Acredito em um maglev na superfície e não subterrâneo. O transtorno que isso irá causar com uma escavação do Quitandinha até o Centro", destacou Mauro Corrêa. 

Ele também questiona a construção da galeria extravasora que não reduziria as enchentes na Rua Coronel Veiga, por exemplo, localidade que mais sofre em dias de temporal. "Se a finalidade é acabar com os alagamentos, a Coronel Veiga que sofre há anos com isso ficará de fora", frisou. Mauro também acha inviável a ideia das gôndolas, uma vez que o rio é poluído. "O mau cheiro vai impedir que seja um passeio agradável", concluiu.

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