Deputados que representam Petrópolis votam a favor do impeachment

19/04/2016 09:00

Os deputados federais do estado do Rio de Janeiro, que representam Petrópolis, disseram sim no último domingo durante a votação para o impeachment da presidente Dilma Roussef, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Cristiane Brasil, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e Hugo Leal, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), colocaram-se a favor do impeachment. Dos deputados do Rio, 11 votaram contra a cassação de Dilma e 34 a favor. A deputada Clarissa Garotinho faltou a votação por estar de licença maternidade. Ao todo, foram 367 a favor, 137 contra, 7 abstenções e duas faltas. 

Em Petrópolis, o grupo a favor do impeachment se reuniu na Praça D. Pedro, enquanto na Praça da Liberdade estavam concentrados os grupos contra o impedimento da presidente. Em ambos os locais a transmissão da votação foi realizada ao vivo. 

A deputada Cristiane Brasil disse que o domingo em Brasília foi de grande tensão. Ela contou que chegou na Câmara por volta das 13h e saiu de lá só depois de meia-noite. O clima no local estava pesado e a deputada disse que todos os presentes estavam muito preocupados com o decorrer da votação. Boatos e ameaças marcaram o dia em que a Câmara votou pelo impeachment da presidente. Um deles era de que os movimentos sociais ligados ao Partido Trabalhista (PT) tentariam interromper o acesso para o congresso, o que fez com que muitos deputados chegassem mais cedo no local. 

Para Cristiane, a votação de domingo foi um dos momentos mais tensos de sua carreira política, ficando atrás apenas do dia que participou do julgamento do pai Roberto Jefferson, também na Câmara dos Deputados, em 2012. Porém, no que diz respeito à responsabilidade, a deputada considera que a votação a favor do impeachment fecha o pior capítulo da história. “Estamos pondo fim ao radicalismo de esquerda que acabou com a indústria do nosso país, fazendo com que perdêssemos investimentos. É o encerramento dessa tragédia”, declarou, agradecendo a atuação do jurista Joaquim Barbosa, juiz Sérgio Moro e também do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. 

Durante a votação ela destacou que o “sim” era em homenagem ao pai, que denunciou o mensalão em 2005. Na entrevista ressaltou: “Eles cassaram meu pai, porque ele tinha mentido, mas toda a verdade está aparecendo e o grande mentiroso é o Luiz Inácio da Silva (Lula)”. 

Ontem, ela disse que estava sentindo uma mistura de preocupação com o futuro e alívio porque não teve nenhum incidente durante a votação. “Agora o país precisa de paz e de uma série de reformas. Estamos há quase 30 anos plantando uma política que não faz o Brasil crescer”, declarou. A deputada encerrou dizendo que não há golpe. “É tudo democrático e está previsto na constituição”. 


Hugo Leal diz que o clima na Câmara estava tenso, como uma final de Copa do Mundo

Já Hugo Leal destacou que o voto pelo sim traduziu uma discussão política e não jurídica. “Não estávamos ali discutindo a questão jurídica. Em nenhum momento condenamos a presidente. As provas do processo acontecem no Senado e não na Câmara. E lá ela vai ter possibilidade de fazer uma ampla defesa e comprovar que não houve fraude, se for o caso”, comentou. 

O deputado mudou recentemente de partido saindo do PROS para o PSB. Ele justificou que com o PSB teve mais imparcialidade para decidir o voto. Hugo chegou na Câmara por volta das 15h e disse que o clima por lá estava tenso, comparado a uma final de Copa do Mundo. Sobre as divergências entre os deputados, defendeu que não houvesse disputa. “Passado o dia da votação, a nossa rotina continua e vamos conviver no dia a dia. O legislativo precisa continuar atuando”, afirmou. 

Para ele, se o impeachment for aceito no Senado e o vice-presidente Michel Temer assumir para fazer o governo de transição até as próximas eleições, há possibilidade de que a crise política seja contornada. “Acredito que ele tenha capacidade para isso. E é provável que consiga coisas que a Dilma não conseguiu”, disse, acrescentando que esse posicionamento é do ponto de vista político. Já sobre a crise econômica que o país enfrenta, observa que a curto prazo será difícil superar. 

Porém, se não houver impedimento da presidente, ele acredita que o governo terá que mudar o comportamento adotado até o momento. “Será preciso que haja modificações, pessoas novas no governo e diálogo. Esta é a única forma de contornar uma crise política. Mas, acredito que haverá dificuldade do atual governo em comandar o país até as eleições”, ressaltou. 


Firjan emite nota a favor do Impeachment

Também a favor da saída de Dilma do poder, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) emitiu ontem uma nota dizendo que o resultado da votação, formalizado ontem, reflete a solidez das instituições, fortalece a democracia e representa o primeiro passo para tirar o Brasil da crise. Para a Firjan, desta forma o Brasil poderá voltar a mirar no futuro com esperança, saindo de um período marcado pela falta diálogo, pela divisão do país e pelo fracasso da política econômica. A Federação lembra ainda os milhões de empregos ceifados e empresas que fecharam as portas ou pediram recuperação judicial. “Agora cabe ao Senado Federal a aprovação final do impeachment, o que representará a oportunidade de iniciar um processo de reconciliação nacional. O Sistema Firjan diz sim a um novo Brasil”. 


Últimas