Despejo de terra às margens do Piabanha gera apreensão

29/09/2017 11:50

Mais de 40 dias depois da publicação de uma reportagem na Tribuna, denunciando a terraplanagem numa obra à margem do rio, em Cascatinha, caminhões continuam despejando terra e entulho bem próximo ao leito do Piabanha, na Estrada José Carneiro Dias. 

A obra fica próximo ao Ambulatório Escola da Faculdade de Medicina. As montanhas de barro e entulho ainda não chegaram dentro do rio, mas já formam taludes em sua margem, o que está deixando moradores do entorno preocupados. Com a chegada das chuvas de verão, e consequentemente as enchentes, o medo maior é que os taludes cedam, assoreiem o rio e provoquem inundações em casas próximas. "O rio quando sobe já atinge um ponto bem crítico aqui perto. Com aquela obra lá, o barro todo perto do rio, se assorear vai fazer com que a água suba ainda mais, porque ela vai ter menos espaço para escoar. Fora que pode represar mais pra trás, inundando outras regiões”, contou uma moradora, que preferiu não se identificar.

Na Rua Oliveira Bulhões o medo é ainda maior. Dezenas de casas ficam na beira do rio, e o fim do inverno representa um período de apreensão para os moradores. “Agora vem essas chuvas de verão, que o rio sobe, e como a gente faz? Com a margem dele intacta nós já sabemos o nível em que ele pode chegar. Mas com os taludes e o possível assoreamento, a situação muda. Não queremos que a obra pare. Pelo contrário. Só queremos que seja avaliada por um profissional que não permita o assoreamento do rio. E diga com segurança que não haverá risco para as nossas casas”, contou um morador. 

Segundo a população que mora no entorno, pelo menos quatro caminhões se revezam no despejo de terra e entulho em diferentes pontos do terreno. “Chega caminhão o tempo todo. Eles entram cobertos com lonas ou telas, e despejam principalmente à tarde ou à noite, quando não tem movimento. Aí no domingo vem uma máquina retroescavadeira e arruma o terreno”, completou. 

A obra faz parte de um empreendimento imobiliário que corresponde a um montante de mais de R$ 15 milhões em investimentos, e atualmente emprega cerca de 25 funcionários. Na entrada da propriedade há uma placa indicando que o local recebe incentivos fiscais da Prefeitura.

Em nota, a Prefeitura informou que o empreendimento tem licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente desde 2012, válida até dezembro de 2018, além de possuir autorização da APA/Petrópolis. Em agosto, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) realizou uma vistoria e não identificou nenhuma infração. A Secretaria de Meio Ambiente irá realizar uma nova vistoria ao local para verificar o cumprimento das condicionantes da licença ambiental.


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