Desvende os mistérios da natureza com as crianças em SP

12/10/2022 07:05
Por Maria Fernanda Rodrigues / Estadão

A criança mal aprende a falar e já se arrisca nos complicados nomes das espécies de dinossauros: tricerátops, braquiossauro, velociraptor, pterodáctilo. Há um meme que volta e meia circula na internet que mostra um gráfico comparando o nível de conhecimento de um paleontólogo com o de uma criança de quatro anos, e com o da mãe dessa criança. Quem já passou por essa fase entende bem.

Depois há a fase do fundo do mar, dos insetos, dos planetas, e por aí vai. Em entrevista recente ao Estadão, o historiador israelense Yuval Noah Harari comentou que as crianças são naturalmente curiosas e que o problema é que, com o passar do tempo, elas deixam de fazer as perguntas essenciais. E, como são elas que poderão salvar a humanidade, é preciso incentivar essa curiosidade.

Pensando nisso, buscamos museus e lugares em São Paulo que dialogam com esses interesses comuns às crianças: os mistérios entre o céu e a terra – e das profundezas do oceano. Alguns deles têm cara de passeio de escola – e até são durante a semana. Mas o interessante é que as crianças pedem para voltar nos finais de semana para levar a família.

INSETOS

É o caso do Planeta Inseto, no Instituto Biológico, na Vila Mariana (Av. Dr. Dante Pazzanese, 64; 3ª a domingo, das 9h às 16h). A curadora Harumi Hojo conta que é comum ver crianças por lá no sábado e domingo, guiando os pais.

Acessível, com entrada gratuita, estacionamento e de fácil acesso, ele viu seu número de visitantes aumentar consideravelmente após uma reforma na pandemia. Em 2011, o ano da inauguração, ele recebeu 23 mil pessoas. O recorde de visitação – 33 mil pessoas em 2019 – já foi igualado em apenas cinco meses neste ano – entre a reabertura, em abril, e o fim de setembro.

São sete salas, onde é possível ver a produção do fio da seda pelas lagartas, conhecer o funcionamento de um formigueiro, aprender sobre as abelhas, ver besouros, borboletas, bicho-pau e até acompanhar uma corrida de baratas – com torcida e tudo.

“O universo dos insetos é muito rico e pode ser o ponto de partida para conversarmos sobre tudo o que tem no meio ambiente”, explica Harumi. Para ela, as crianças têm menos preconceito do que os adultos e chegam com menos “nojo”.

A ideia, ela conta, é desmistificar o mundo dos insetos e fazer com que os visitantes saiam de lá conscientes da importância deles para um ambiente equilibrado e mais atentos aos que os cercam. Podem até ir embora com o mesmo medo de barata, mas pelo menos aprenderão o que fazer para fugir dela em vez de correr atrás dela para matá-la.

Uma observação de Harumi, de que as crianças chegam hoje com muito mais informações e mais sensíveis à questão ambiental, é compartilhada por Mayara Nascimento Ferreira, subgerente do Aquário de São Paulo. Desenhos como O Show da Luna e filmes, entre os quais Vida de Inseto, Formiguinhaz, Bee Movie, Procurando Nemo, Dori e Moana, têm sua parcela nisso. No caso do Aquário, essas produções são até evocadas pelos educadores ambientais.

MERGULHO PROFUNDO

Localizado no Ipiranga (R. Huet Bacelar, 407; diariamente, das 9h às 17h), o Aquário é um passeio mais caro – o ingresso custa R$ 100 (adulto) e R$ 80 (2 a 12 anos) e o estacionamento é R$ 40. E, embora o objetivo seja a educação ambiental, há lojinhas de souvenirs por todo o caminho incentivando o consumo.

Mas as crianças saem encantadas com o mundo submarino – e com animais de outros cantos, como o canguru, o coala, os lêmures, o urso polar. São, ao todo, 400 espécies e 3 mil indivíduos – entre os quais sete tipos de tubarão, o ‘Nemo’ e a ‘Dory’. E os quatro axolotes, aquele animal mexicano popular entre os fãs de Minecraft.

Segundo Mayara, cada faixa etária tem um interesse e guardará uma lição e uma memória afetiva da visita. Mas para que essa curiosidade continue, ela diz, é preciso que os pais prestem atenção no que está chamando a atenção dos filhos e embarquem junto na exploração. “A criança gosta de dinossauro? Então vá na exposição do Ibirapuera”, sugere.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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