10/11/2021 08:00
Por Fernando Costa

Eu havia perdido o hábito de lavar louças, aquecer alimentos e muito menos preparar uma refeição… Sobrevieram mestres em nossa companhia, cada qual em sua época a começar por Lúcia, Maria Regina, Graça e Verônica, essa permaneceu conosco durante dezesseis anos e somente nos deixou porque o destino lhe reservou voos mais altos no que rendemos graças ao Pai e à Mãe dos Céus. Os demais se abdicaram nosso convívio, já formados em cursos profissionais ou por razões matrimoniais. Tivemos a primazia de compartilharmos da inteligência, dedicação, convívio e amizade de nosso afilhado Tominho durante a transição de adolescente à fase adulta. Fixou residência na “Terra do Sol Nascente” e, a seguir, convolou núpcias com a esposa Cláudia e nos presentearam com a afilhada Hayssa levada, por nós, a Pia Batismal no ano dois mil aqui na Catedral São Pedro de Alcântara. O tempo passou e “mutatis mutandis” nos adequamos à nova era. Quando menos nos apercebemos, para a perplexidade geral deparamos com a pandemia. Para falar a verdade ouvira articular sobre ela, mas, intimidade com essa inaudita personagem, jamais. Eu já folheara em jornais, lido e ouvido comentários sobre a  “Febre Amarela”, a partir de 1850, “Gripe Espanhola”, 1918 e “Varíola”, início do século 20.  Em fins de 2019, no exterior e,  no de 2020 aqui no Brasil, deparamos com a cruel convivência  e flagelo da Corona Vírus. A população, aos poucos foi se adaptando. Percebi hesitação ao uso da máscara, mas gradativamente se obedeceu ao protocolo. Para nós não era novidade porque, sobretudo, no Oriente, onde estivemos em várias ocasiões, lá uma simples gripe faz com que o transeunte se higienize, use essa proteção e ao se prevenir, protege o próximo. Quantas vezes, aqui, antes da epidemia, avistávamos pessoas, ainda que raramente usando a máscara e logo se pensava, deve ser cirurgia ou doença contagiosa… Agora não. As pessoas transgressoras das normas sanitárias instituídas pagaram. Em sua maioria, alto preço, outros foram infectados, por isso, a vacina está aí, para todos. Ficamos enclausurados durante meses, os auxiliares foram dispensados por causa dos cuidados impostos e, a partir daí, retornamos à cozinha, lavando louças, preparando pratos, espanando, inventado moda em contraponto ao ciclo… Durante um período as Santas Missas foram suspensas, participávamos delas em casa e a liturgia diária sempre professada foi intensificada e prosseguida com redobrada fé. O que se podia fazer pelos meios eletrônicos a exemplo de depósitos e saques bancários, lides forenses e profissionais se realizou e, com isso, novidades surgiram, desde os “delivers” para remédio, alimentos, lavanderia, vestuário e afins somado ao apoio de Márcia e Cristina durante esse lapso e fase.  Para consternação geral, aqueles que tiveram familiares ou amigos hospitalizados ou falecidos, esses eram incomunicáveis, principalmente se ocorresse o sepultamento, não havia velório. Independente da realidade vivida, queira Deus esse contágio se encontre em sua fase final. No auge, trouxe grande preocupação já que a mídia, salvo raras exceções parecia torcer pelo “quanto pior melhor” em perfeito terrorismo. De tudo um aprendizado, ora amargo, outras vezes alentador em experiência, sobrevivência, reflexão, resiliência, valorização do simples e amor à vida. Se for da vontade do Senhor de todas as coisas e criaturas haveremos de prosseguir nossa caminhada exempli gratia do rei de Nínive, como preconiza o Livro de Jonas 3, 36: “em prova de humildade, ao tomar conhecimento da pregação e de tudo que ocorria na cidade, ele se levantou do trono, tirou o manto real, vestiu-se também de pano de saco e sentou-se sobre cinzas.” E Nínive não foi destruída. Nesse diapasão, despojados do orgulho e da vaidade é preciso estar alertas de que, quando menos se esperar, será chamado pelo Supremo Juiz à prestação de contas. Mantenhamo-nos saudáveis e “Spont Sua”. Por isso, cuidemos de nosso corpo e de nossa alma, eles não nos  pertencem. Ainda que incrédulos e eivados de limitações a humanidade é Centelha Divina. 

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