Dia das Mães: Pandemia modifica rituais de comemoração e especialista garante que mudanças vêm para ficar
O Dia das Mães é uma das celebrações mais importantes para as famílias brasileiras. Tradicionalmente celebrada com reuniões familiares, abraços e presença física, as comemorações da data, assim como a relação entre mães e filhos, sofreram grandes mudanças, que devem ser mantidas ainda por muito tempo, mesmo após a pandemia da Covid-19.
A psicóloga e especialista em orientação parental Leticia Junqueiro explica que, neste cenário pandêmico, a maior mudança foi a valorização dada à presença, o que deixou as famílias mais dispostas a desfrutar o tempo juntas.
“Depois desse impacto do isolamento social sobre as relações, os abraços e a presença passaram a ser indiscutivelmente o melhor presente e por muito tempo essa nova perspectiva será mantida”, explica Junqueiro.
A psicóloga, no entanto, alerta que as expectativas e memórias da data quando surgem em um cenário como este, em que muitas famílias perderam entes queridos, podem ter efeitos negativos na saúde mental de mães e filhos.
“Em um período de inúmeras perdas como este de pandemia, muitas famílias vivem processo de luto ou isolamento prolongado, por exemplo, e toda a expectativa que a data envolve pode nos sensibilizar ainda mais e inclusive desencadear crises”, conta a psicóloga.
A pandemia tornou a rotina das mães mais intensa, tudo precisou ser pensado e cercado de protocolos, dificultando a naturalidade das atitudes e das reações. Segundo a psicóloga, tudo isso tornou o dia a dia mais cansativo e a jornada materna ainda mais longa. “A maioria das mães se viu com ainda mais demandas que antes e a sobrecarga emocional e física é evidente”.
Por isso, a dica da especialista é presentear a mãe com tempo, presença e empatia. Limpar a casa, preparar uma refeição, assistir a um filme e conversar sem pressa são algumas das dicas que Junqueiro dá para filhos que ainda não sabem o que fazer no Dia das Mães.
“Mãe sempre dá tanto de si no seu dia a dia, tentar aliviar a rotina pesada dela é ótimo, não custa nada. Mas é importante lembrar que isso não é favor ou presente, é uma contribuição e vai ajudá-la a perceber que ela não precisa dar conta de tudo”, orienta.
Mãe, esposa e psicóloga há 11 anos, Letícia Junqueiro desenvolve um trabalho voltado para orientar mulheres em busca de uma maternidade mais leve e sem culpa. Especialista em Psicologia Infantil, Orientação Parental e Atenção Psicológica Materna, ela atua na área educacional há 22 anos, e estará lançando, em maio, o livro “Não Dê Conta”, que discute sobre a autocobrança e a pressão que a sociedade impõe para que as mães absorvam e solucionem todas as demandas dos filhos, da casa e do casamento. O intuito de Letícia é mostrar que quando as mães passam a valorizar também o seu autocuidado, conseguem viver uma maternidade com mais leveza e mais completa para todas as partes.