Dia de Combate ao Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes tem ações em Petrópolis

18/05/2016 16:00

Hoje é comemorado o Dia Nacional Contra o Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes. Mobilizações acontecem em várias cidade do país. Em Petrópolis, a campanha Tenha Atitude realizou programação de conscientização ao longo do dia.

O abuso sexual é o segundo tipo de agressão mais comum contra crianças e adolescentes. Dados do Ministério da Saúde apontam que o abuso está atrás apenas da negligência e abandono em crianças de zero a nove anos. Apesar disso, de acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), "dentre todos os tipos de violência precoce, o abuso sexual é provavelmente o evento que leva a consequências mais drásticas e que permanecem a longo prazo".

No Brasil, 165 crianças e adolescentes sofrem abuso sexual por dia ou sete a cada hora, segundo dados apontados pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à infância e Adolescência (ABRAPIA). Em Petrópolis, desde o início do ano, já foram registrados 17 casos, apenas no Conselho Tutelar.

À revelia do silêncio em torno da questão, mais de 5% dos brasileiros acima de 18 anos, ou 5,4 milhões de pessoas, foram vítimas de abuso sexual na infância. É o que revelou um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado em 2014. A prevalência é maior entre mulheres (7%) do que homens (3,4%). O levantamento mostrou também que, ao contrário do que se imagina, as agressões não partem de estranhos, na rua ou escola, mas dentro de casa. Mais da metade dos agressores é parente ou amigo próximo da família da criança.

O contexto da violência envolvendo crianças e adolescentes é complexo. Muitos fatores contribuem para a dificuldade do diagnóstico da violência, dentre eles: a baixa idade da criança (que não permite verbalizar o ocorrido), a omissão da criança ( por medo), a omissão do adulto (por cumplicidade do cônjuge), omissão da sociedade (que, muitas vezes, prefere não ver) e a omissão dos profissionais (que se sentem despreparados).

Em Petrópolis, desde 2014, existe a campanha Tenha Atitude, criada pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Setrac) e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). A iniciativa realiza um trabalho permanente de conscientização sobre o tema e não somente no dia 18 de maio, quando mobilizações são realizadas ao longo do país inteiro. Em Petrópolis, todo dia 18 de cada mês o projeto realiza uma ação e ocupa um espaço público, com panfletagem e discussões sobre o combate ao abuso e a exploração sexual contra menores de idade.

Além disso, de acordo com a Conselheira Tutelar e Coordenadora da Região Serrana I, Mérilen Dias, o Conselho Tutelar recebeu do Ministério do Turismo material sobre abuso sexual infantil, que será distribuído nas escolas do município ao longo do ano.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/1990), "é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente". Portanto, qualquer pessoa pode denunciar uma situação de abuso sexual, ligando para o Disque 100 (discagem direta e gratuita), indo ao Conselho Tutelar ou à Delegacia de Polícia. Mesmo que haja apenas a suspeita de abuso, é importante que a denúncia seja feita para que um trabalho de averiguação se inicie a fim de descobrir se, de fato, há ou não uma situação de abuso. É importante destacar que os órgãos mantém o anonimato do denunciador.

A criança que sofre ou sofreu algum abuso sexual sofrerá consequências a curto e longo prazo. O Manual de Prevenção do Abuso Sexual, publicado por Save the Children (Salvem as Crianças), mostra as seguintes consequências:



Consequências a curto prazo do abuso infantil

– Físicas: pesadelos e problemas com o sono, mudanças de hábitos alimentares, perda do controle de esfíncteres.

– Comportamentais: Consumo de drogas e álcool, fugas, condutas suicidas ou de autoflagelo, hiperatividade, diminuição do rendimento acadêmico.

– Emocionais: medo generalizado, agressividade, culpa e vergonha, isolamento, ansiedade, depressão, baixa autoestima, rejeição ao próprio corpo (sente-se sujo).

– Sexuais: conhecimento sexual precoce e impróprio para a sua idade, masturbação compulsiva, exibicionismo, problemas de identidade sexual.

– Sociais: déficit em habilidades sociais, retração social, comportamentos antisociais.


Consequências a longo prazo do abuso sexual infantil


Existem consequências da vivência que permanecem, ou inclusive podem piorar com o tempo, até chegar a configurar patologias definidas. Por exemplo:

-Físicas: dores crônicas gerais, hipocondria ou transtornos psicossomáticos, alterações do sono e pesadelos constantes, problemas gastrointestinais, desordem alimentar.

– Comportamentais: tentativa de suicídio, consumo de drogas e álcool, transtorno de identidade.

– Emocionais: depressão, ansiedade, baixa autoestima, dificuldade para expressar sentimentos.

– Sexuais: fobias sexuais, disfunções sexuais, falta de satisfação ou incapacidade para o orgasmo, alterações da motivação sexual, maior probabilidade de sofrer estupros e de entrar para a prostituição, dificuldade de estabelecer relações sexuais.

– Sociais: problemas de relação interpessoal, isolamento, dificuldades de vínculo afetivo com os filhos.


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