Dia do Folclore traz reflexões sobre a força do conhecimento popular
Saci, Cuca e Curupira: é provável que o leitor reconheça de cara essa seleção. As personagens são figurinhas carimbadas e vez ou outra aparecem como heróis de ‘contações’ – principalmente quando o assunto é folclore brasileiro, celebrado neste 22 de agosto. A coletânea cultural nacional, no entanto, não se restringe a esta tríade. De norte a sul, o Brasil reúne centenas de personagens que registram – e protagonizam – uma versão da história do País no mundo do fantástico.
O contar é a forma de o povo assimilar o que acontece ao seu redor. “O folclore é uma mediação de informação. A voz é uma força poderosa de transmissão de conhecimento e mediação cultural e comunicacional”, diz Luiz Tadeu Feitosa, professor de cultura e mídia na Universidade Federal do Ceará (UFC).
Quando se fala de folclore, estamos falando de gente – o termo é uma junção abrasileirada de folklore – folk (povo) e lore (conhecimento) – e, ao pé da letra, pode ser traduzido como “conhecimento do povo”. Isso vale para qualquer manifestação, porque o jeito como se veste, se dança e se come também é folclore.
As personagens mitológicas são faceta dessa ‘culturalidade’. Por isso, entender como e o que se conta é uma forma de visualizar, no imaginário coletivo, como as relações foram construídas, ressalta Frank Wilson Roberto, coordenador acadêmico da Companhia Folclórica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “As manifestações culturais”, lembra ele, “estão ligadas aos espaços físicos, geográficos, ao território do homem e do povo que produz isso.”