Dia (s) da mentira

27/03/2018 12:00

Aproxima-se o dia 1º de abril, o dia da mentira. O bom humor do brasileiro faz com que nesse dia as pessoas “caiam” em pegadinhas e crianças “peguem” adultos em mentirinhas inocentes. Faço essa pequena introdução para falar de um assunto nada inocente. Fake news, termo em inglês para denominar as notícias falsas, que como avalanche, vêm causando estragos nas vidas das pessoas. Fábrica de intrigas, as falsas notícias criam engodos, distorcendo fatos e atingindo a reputação de quaisquer pessoas Não há novidade nisso. 

Esse tipo de notícia sempre existiu, mas circulava mais lentamente, pelos meios de comunicação tradicionais. No entanto, com a velocidade das informações das redes sociais e da mídia on line, cada vez mais as fake news se espalham com tal sofisticação de recursos, que até especialistas mais tarimbados têm dificuldade em descobrir a origem da “desinformação”. No Brasil, assim como em outros países, a circulação de notícias falsas no meio político é preocupante. O tipo de manipulação que exerce pode causar estragos irremediáveis. Estima-se (segundo dados de pesquisa da USP) que cerca de 12 milhões de pessoas disseminam notícias falsas sobre política em nosso país. Considerando uma média de 200 seguidores por usuários, a mentira veiculada pode propagar-se atingindo números alarmantes. 

Para um panorama dessa situação, páginas digitais têm sido monitoradas e rastreadas pois estima-se que as próximas eleições gerais serão altamente influenciadas por boatos e mentiras em rede. Diante do momento de polarização ideológica que o Brasil atravessa, as fakes news só vem piorar esse quadro, alimentando o ódio cada vez mais presente nos debates políticos, cada vez menos republicanos. E não me refiro somente aos debates em sessões plenárias e nas campanhas eleitorais. Falo do empobrecimento das discussões entre as pessoas no seu dia a dia; na fila do caixa do supermercado ou na sala de espera de um médico. São essas conversas que promovem uma salutar troca de impressões, de experiências, necessárias para a formação da opinião pública. Como debater sobre um assunto, buscando a sua verdade, partindo de uma mentira? 

Mesmo não sendo especialista no tema, quis tecer essas considerações, pois é muito preocupante o rumo que as coisas estão tomando. É alarmante a possibilidade, cada vez mais concreta, de que os eleitores brasileiros sejam levados ao erro em suas avaliações e escolhas, prejudicando a nossa ainda frágil democracia. Diante do que vemos, as redes sociais terão que encontrar um caminho para a proteção de sua credibilidade como meio de comunicação. Já nós, seguidores, devemos nos preocupar em identificar a origem das notícias, separando o “joio do trigo”. 

Informar-se em veículos de origem conhecida, é a medida mais eficaz para acabar (ou diminuir) com as falsas notícias, não sendo menos importante porém, a criação de uma regulação para esse combate. Finalizando, divido com vocês minha preocupação como cidadã e como política, afirmando nós também somos responsáveis pelo que circula nas redes sociais, na medida em que compartilhamos notícias sem verificar a procedência. Nesse momento,cautela e bom senso são armas que dispomos para combater as Fake News.


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