Dieta, suor e lágrimas

13/05/2018 13:00

Uma pesquisa divulgada em agosto de 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em uma década, o número de brasileiros acima do peso considerado ideal deu um salto para 82 milhões de adultos. O presente artigo procura analisar o fato sob dois aspectos principais: a comprovação científica e o comportamento psicológico. Diversas evidências científicas sugerem que, na maioria dos casos, fazer dieta não favorece a perda de peso duradoura. De fato, muitas pessoas que têm esse hábito tendem a engordar depois que o interrompem. 

Quando dizemos “dieta”, nos referimos a programas que envolvem cortar porções, em que é preciso restringir severamente calorias ou eliminar grupos inteiros de alimentos, como carboidratos, gorduras ou doces. Esse cenário tem levado especialistas e pesquisadores do controle de peso a fazer uma sugestão que pode parecer no mínimo surpreendente: não faça dieta. Não tente “fechar a boca”, nem se privar. Essas estratégias provocam efeitos contrários aos que esperamos por causa das conseqüências psicológicas: desejo intenso pelos alimentos eliminados, resgate dos comportamentos anteriores e ingestão de “fast foods”. A melhor receita é ter moderação e equilíbrio. 

Afinal não engordamos de um dia para o outro. Fazer pequenas alterações nos hábitos nutricionais, construídos lentamente ao longo do tempo, é realmente a melhor maneira para perder peso de forma duradoura. No Brasil mais de 60% da população apresenta sobrepeso ou obesidade, com possibilidade de apresentarem problemas de saúde como diabetes e doenças cardíacas. O balanço geral é que as dietas de curto prazo não só podem provocar efeitos contrários ao que esperamos, mas também causar um forte impacto sobre o bem-estar físico e mental. 

Com relação a parte psicológica, temos o seguinte quadro: se quiser fazer bem ao corpo, cuide do universo mental! Essa abordagem lenta e progressiva permite ajustar uma nova rotina ao ao próprio ritmo, sem o esforço intenso e a recusa exigida pelas dietas de curto prazo. O nosso corpo trabalha em equilíbrio físico mental e, assim, qualquer atitude radical vai ter a reprovação do nosso órgão comandante, o nosso cérebro.  Dados sólidos sobre estratégias eficazes de perda de peso podem ser encontrados no Registro Nacional de Controle de Peso, que entrevistou mais de 4.000 pessoas que emagreceram e mantiveram a forma por um ano no mínimo. Com relação aos exercícios físicos, coadjuvantes na perda de peso, também devem ser acrescentados a rotina, através de um processo gradual e sistêmico. 

Não é preciso correr uma maratona para colher recompensas físicas e psicológicas. Caminhar naturalmente ou ir para o trabalho de bicicleta ( não é recomendado utilizar a dita ciclovia da Barão do Rio Branco herdada da administração anterior), são formas de integrar a atividade física no dia a dia. Uma saída inteligente é aproveitar as pequenas oportunidades para se movimentar mais, como deixar o elevador dois andares antes do destino ou descer do ônibus dois ou três pontos antes do de costume. A disciplina é fundamental para organizar os exercícios de forma divertida e sustentável, integrando-os à rotina.

  Assim como a disciplina, também são fundamentais ao processo a paciência e a perseverança (vide o exemplo chinês) evitando, assim, o suor de um esforço desnecessário e as lágrimas de uma desilusão. Vamos, também, tomar o maior cuidado com a nossa alimentação e sejamos seguidores de Hipócrates ao qual é atribuída a seguinte máxima: "Que seu remédio seja seu alimento e que seu alimento seja seu remédio". Procure se orientar com um profissional da área e formular a sua própria dieta, sem seguir os modismos, as propagandas e a generalização, pois ela deve depender do seu quotidiano e objetivar o seu equilíbrio. achugueney@gmail.com

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