‘Digam que a eleição foi fraudada’, disse Trump após derrota em 2020

24/06/2022 07:06
Por Estadão

A comissão do Congresso americano que investiga o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro do ano passado, divulgou ontem novos indícios de que o então presidente Donald Trump pressionou o Departamento de Justiça para alterar o resultado da eleição de 2020, vencida pelo democrata Joe Biden.

Em um deles, Trump escreveu um bilhete endereçado ao vice-secretário de Justiça, Richard Donoghue. “Digam que a eleição foi fraudada e deixem o resto comigo e com os republicanos no Congresso.”

Os depoimentos de ontem, que reuniram ex-funcionários do Departamento de Justiça e da Casa Branca, revelaram que parte da cúpula do departamento – que equivale ao Ministério da Justiça no Brasil – resistiu aos apelos, ameaçando com um pedido de demissão em massa.

Diante da resistência, Trump cogitou trocar a cúpula do Departamento de Justiça. Por meio de Scott Perry, um deputado republicano da Pensilvânia, a Casa Branca pensou em nomear o procurador-assistente Jeffrey Clark como secretário.

PERDÃO

“Rosen, já sabemos que você não vai fazer nada. Você nem mesmo concorda que houve fraude. Esse outro cara (Clark) pelo menos pode fazer alguma coisa”, teria dito Trump, de acordo com o depoimento de Rosen.

A comissão também apresentou evidências de que pelo menos cinco deputados republicanos pediram perdão presidencial após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio para evitar uma possível ação criminal: Matt Gaetz, Mo Brooks, Andy Biggs, Louie Gohmert e Scott Perry.

Durante os depoimentos de ontem, as testemunhas disseram que as atitudes de Trump poderiam ter levado os EUA a uma grave crise constitucional, já que o presidente americano, mesmo informado que não havia um único indício de fraude na eleição, tentou intervir no Departamento de Justiça para se beneficiar politicamente.

Após dias de impasse, entre o fim de 2020 e os primeiros dias de janeiro, Trump desistiu do plano de usar o Departamento de Justiça para impedir a certificação da vitória de Biden. Três dias depois, em 6 de janeiro, o Capitólio foi invadido por centenas de apoiadores do presidente. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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