Disque-Denúncia lança campanha para combater o contrabando

22/08/2019 09:00

Vender mercadorias pirateadas, frutos de contrabando, é uma conduta criminosa. Mas nem todo mundo se atenta que comprar estes produtos além, de participarem do crime como receptadores, alimentam uma indústria do crime e aumenta a violência contra todos. O Disque Denúncia lançou no início deste mês uma campanha para combater a compra e venda de produtos contrabandeados.

O objetivo é dar mais visibilidade a este tema, conscientizando a população sobre a relação entre o contrabando, geralmente controlado pelo crime organizado, e o aumento da violência que atinge a população. O Dique Denúncia disponibilizou o telefone 0300 253 1177 (custo de ligação local), para o interior do Estado, e para a capital o telefone é 2253-1177.

Leia também: Polícia Federal prende estrangeiros acusados de contrabando de pessoas

Mercadorias sem procedência definida que a princípio parecem não oferecer riscos, mas que causam prejuízos para quem compra e para até comerciantes que precisam competir com esse comércio ilegal. São pendrives, sombrinhas, meias, raladores, mídias de CD e DVD até produtos medicinais e estéticos. Aparecem de tudo entre os ambulantes no comércio de calçada do Centro Histórico.

Somente neste ano, segundo a Prefeitura, a Fiscalização de Posturas apreendeu mais de 2,6 mil mídias piratas, 242 óculos de grau (que pode causar prejuízos à visão de quem usar esse produto) e 330 pendrives (com potencial risco para computadores e outros aparelhos de informática) além de outros produtos como pares de meia, cintos, sombrinhas, tubos de cremes e pomadas, raladores de legumes, fones de ouvido, carregadores de celular, cobertores e tapetes.

Proprietária de uma loja de assessórios para celulares, a empresária Tatiana Vargas explica que os lojistas competem diretamente com o comércio ilegal. “O primeiro ponto é que perdemos o cliente para os ambulantes, eles conseguem vender os produtos com um preço muito inferior ao nosso. Mas ao mesmo tempo, os clientes que compram com ele vem a loja para reparar o dano causado por esses produtos”. Ela explica que a “pegadinha” do pendriver é uma das mais recorrentes entre os clientes.

O produto é vendido como pendriver, mas, na verdade, é um adaptador para cartão de memória. O cabeleireiro Alex Gonçalves, ficou no prejuízo. Há pouco mais de um ano, comprou um desses produtos por R$ 10. Ao chegar em casa, percebeu que tinha sido enganado. “Passo sempre no local e nunca mais encontrei a pessoa que me vendeu. Fiquei no prejuízo, nunca mais compro nada desses ambulantes de calçada”, lamentou.

Além dos prejuízos financeiros, sem procedência, os produtos oferecem risco a saúde. O empresário Vinícius de Barros, sócio de uma ótica, alerta para o risco que os óculos de grau comprados sem receita podem trazer para saúde ocular do comprador. Ele conta que é comum clientes chegarem com armações falsificadas ou sem procedência para fazer apenas a lente de grau. “Nesses casos já peço o cliente para assinar um termo se responsabilizando pela armação. Porque o material costuma ser frágil e pode até quebrar nesse processo, e não temos como dar garantia”, explica.

De janeiro de 2017 a agosto de 2018, o Disque Denúncia registrou 21 informações sobre falsificação e contrabando de produtos em geral no município. As denúncias cadastradas versam de diversos crimes como falsificação de documentos, peças de vestuário, entre outros.

O objetivo da campanha é a alertar para a responsabilidade cidadã. Todo mundo sabe que a violência não para de fazer vítimas no Rio de Janeiro. Mas pouca gente pensa que o contrabando está diretamente ligado a homicídios, balas perdidas e outras ocorrências. O comércio ilegal é uma das principais fontes de lucro do crime organizado, portanto, o consumo de produtos contrabandeados patrocina a violência. Com o objetivo de mostrar aos cariocas que cada centavo gasto no contrabando pode virar bala em armas clandestinas, o Disque Denúncia, em parceria com a Agência3, criou outdoors com uma mensagem direta. Contrabando é crime. E aumenta a violência que atinge você.

No município as denúncias sobre comércio ilegal, especialmente de ambulantes, podem ser feitas diretamente para a Fiscalização de Posturas pelo telefone 2246-9042.

Últimas