Djair, um herói

08/02/2017 11:50

Conheci o cabeleireiro e professor de judô Djair Teixeira de Abreu em fins dos anos sessenta. Trabalhou, de início numa barbearia situada à Rua Teresa, depois se fixou no Edifício Ducal, no Salão Copacabana, instituto de beleza esse que se transferiu para a galeria do Arcádia quando recebeu o nome de Salão Imperial e, finalmente, em 1972 se instalou no Edifício Profissional onde se encontra o Ipanema até a presente data. Ali, durante muitos anos quem cuidou de minha barba foi seu irmão o coiffeur Jorge. Um amigo de verdade. Sua preocupação era com a qualidade do trabalho. 

Véspera do Natal de 2001. Durante a execução de minha barba e do cabelo ele ficou minutos a mais  e Djair participou de nosso diálogo. Depois dos cumprimentos natalinos prosseguiu ele  na atenção  aos demais clientes. No dia vinte e seis de dezembro,  dia em que havia nascido o meu sobrinho Bernardo, filho do casal Leonardo, também meu sobrinho, de seu primeiro casamento com Rachel, por isso, a caminho do hospital fui à  Flora Las Palmas em busca de um arranjo  de presente.  Deparei-me com familiares de Djair o que causou surpresa porque ali funciona a funerária local. A irmã de Djair, Manoela se aproximou e me perguntou: “o Senhor já sabe?”  Exclamei, de  quê? “O Jorge faleceu! Está sendo velado na Capela A”… Fiquei perplexo e é óbvio, subi para abraçar a família. Dali para frente  as atenções passaram às mãos de Djair, seu irmão,  que correspondeu plenamente. 

Djair não raramente ia com a família nos fins de semana para o seu sítio localizado em Paraíba do Sul. Num dia desses cheguei ao salão e não o vi e logo fui informado de que ele havia sido internado. Passei a receber notícias através de seu filho e sucessor Ricardo. Fui visitá-lo no hospital. Conversamos e o senti bem. Fizemos um momento de orações e reflexões. Saí tranquilo. No outro dia recebi a notícia. Djair falecera. 

Ultrapassou os cânones celestiais em 15-12-12. Nós, seus clientes aprendemos a admirá-lo e fizemos dele um amigo. Sentimos. O Instituto de estética e beleza é dos mais conceituados e sua base foi fincada em terra firme pelo profissionalismo, respeito e competência desse esteta da beleza, que escolheu uma constelação para com ele brilhar. Quem transpusesse os umbrais de seu salão, aquele sim, era o maior e o mais importante. Era, como é, dispensado o melhor tratamento e a consideração. 

Djair levou para o ambiente de trabalho o refinamento da arte oriental do judô. As corridas rústicas não mais o verão. Nos Jogos Pan-Americanos de 2007 foi ele um dos agraciados a conduzir a Tocha Olímpica. Paraíba do Sul era sua cidade natal, mas, Petrópolis o acolheu como se mãe fosse e ele dedicou todos os dias de sua vida ao seu engrandecimento, honra e glória. Nasceu em 25-06-39, portanto às vésperas de completar 78 primaveras se conosco estivesse. Pai de nove filhos sendo cinco com a primeira esposa Mauricéia:  Ana Beatriz, Jane, Claudia, Cintia e Carla  e em segundas núpcias com Vera Lúcia de Assis Moreira Teixeira de Abreu trouxeram à luz os filhos Ricardo, Rigo, Rívea e Richard. 

Em 01-11-12, foi internado para realização de exames e, em 15-12 do mesmo ano faleceu para a consternação geral. Djair, detentor de inúmeros lauréis inclusive o de Cidadão Petropolitano retornou ao regaço Paterno. Homem justo e de memória abençoada, com certeza continua a velar por nós que estamos a cumprir o nosso apostado. Cum Christo in Pace amigo!

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