Do mato ao prato: saiba tudo sobre as plantas alimentícias não convencionais

08/07/2019 15:00

Já está disponível para consulta e download gratuito (www.forumitaborai.fiocruz.br) a nova publicação do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, unidade da Fiocruz em Petrópolis. O “Manual de Plantas Alimentícias não Convencionais – PANC” reúne informações científicas, técnicas e nutricionais de 21 espécies de PANC, plantas comestíveis encontradas em Petrópolis e na Região Serrana do Rio de Janeiro. A matéria também traz curiosidades, termos culinários, dicas de como higienizar os vegetais, receitas e fotos, tanto das plantas em seus habitats naturais, como delas no prato.

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Segundo o Diretor do Fórum Itaboraí, Felix Rosenberg, esta publicação tem o propósito de disseminar conhecimentos relacionados ao plantio e ao consumo dessas plantas, que hoje estão sendo redescobertas e exploradas em novas opções de cardápios e valorizadas no seu uso e valores nutricionais. 

“No Brasil, em seus diferentes biomas, temos uma biodiversidade magnífica, que pode ser melhor explorada contribuindo para a complementação alimentar, para a diversificação dos cardápios e redução dos custos dos alimentos, na busca de uma alimentação cada vez mais saudável e mais acessível. Com o tempo, a produção familiar do seu próprio alimento sucumbiu à produção de mercado e fomos nos esquecendo destas plantas que dão espontaneamente e das quais podemos nos nutrir”, explica Rosenberg. “Sem contar que o patrimônio culinário expresso nos pratos, nas receitas tradicionais, faz parte da memória afetiva, do registro, da transmissão oral de nossa herança cultural. Então, acreditamos que nos ambientes urbanos é possível cultivar pequenas hortas e canteiros com PANC e conciliar os hábitos contemporâneos às nossas origens, resgatando nossa história alimentar, contribuindo com conservação da sociobiodiversidade e obtendo alimentos diversificados, saudáveis, de menor custo e surpreendendo com novas cores e sabores”, conclui o Diretor.

Sobre as PANC

O termo PANC, atribuído a Plantas Alimentícias Não Convencionais, foi cunhado e começou a ser usado e divulgado em 2008 pelo Biólogo e Professor do Instituto Federal do Amazonas, Valdely Ferreira Kinupp. Refere-se a todas as plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis, sendo elas espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas que não estão incluídas em nosso cardápio cotidiano.

Por esta razão, uma mesma planta pode ser considerada convencional em uma região, porém não convencional em outra. E caso seu uso seja resgatado ou propagado, tal planta pode vir a ser convencional, passando a ser reconhecida, produzida, comercializada, fazendo parte do dia a dia alimentar de dada população. Kinupp destaca que entre 10 a 20% da flora mundial tem potencial alimentício. Dentre as PANC que podem ser encontradas em Petrópolis e na Região Serrana do Rio de Janeiro estão, por exemplo, o peixinho e a ora-pro-nobis, além de partes comestíveis e não frequentemente consumidas de plantas convencionais, como as folhas e talos da cenoura, beterraba, couve-flor, abóbora, batata-doce, entre outras.

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Adilson Oliveira é nutricionista e faz parte da equipe do Programa de Biodiversidade e Saúde do Fórum Itaboraí. Entusiasta e envolvido com os trabalhos que resultaram nesta publicação, ele esclarece que uma mesma planta pode ser considerada convencional em uma região e não convencional em outra, e que, com o tempo, conforme seu uso seja resgatado ou propagado, ela passará a ser convencional, sendo reconhecida, produzida, comercializada e fazendo parte do dia a dia alimentar dessa população. Também são PANC as partes comestíveis e não frequentemente consumidas de plantas convencionais, como as folhas e talos de: cenoura, beterraba, couve-flor, abóbora, batata-doce, entre outras. Ele acrescenta que estas plantas não têm sido produzidas por falta de conhecimento dos agricultores ou porque elas foram “esquecidas” pelo mercado. 

“O cultivo destas plantas também apresenta vantagens em relação aos cultivos tradicionais, pois as PANC são mais resistentes a pragas e se integram melhor com a fauna e a flora nativa. Muitas delas também possuem potencial para complementação da renda familiar. Em síntese, as PANC são a própria essência do conceito de agroecologia”, explica Adilson. “Seja na forma do alimento propriamente dito, ou como substâncias condimentares ou aromáticas, substitutas de sal, edulcorantes, amaciantes de carnes e corantes, as PANC podem ser inseridas na alimentação cotidiana, com ganhos nutricionais e baixo custo”, complementa o nutricionista.

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