Dois empresários são encontrados mortos na Rússia em 48h

25/07/2023 17:05
Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

Um empresário com vínculos com os serviços de segurança do governo de Vladimir Putin foi encontrado morto em seu escritório em Moscou, na Rússia, relatou a imprensa russa no sábado, 22. Anton Cherepennikov, de 40 anos, era uma figura-chave na operação de escutas telefônicas e de internet de Putin.

A imprensa local relatou inicialmente que ele havia morrido devido a uma parada cardíaca – causa contestada por amigos próximos, que pediram investigações. No entanto, uma fonte da polícia de Moscou disse mais tarde ao canal russo RTVI que ele teve uma overdose de “gás medicinal”, conforme noticiou o jornal britânico The Times.

Cherepennikov era proprietário da ICS Holding, empresa usada pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia para vigilância das atividades online dos cidadãos. “Ele foi uma ferramenta absolutamente fundamental na repressão de Putin”, disse uma fonte da oposição para a imprensa russa. Cherepennikov também era visto como uma figura próxima do oligarca Alisher Usmanov amigo do Kremlin.

Essa foi a segunda morte de figuras ligadas à Putin em um intervalo de 48 horas. Igor Kudryakov, de 63 anos, um oligarca bilionário, foi encontrado morto em seu apartamento em Moscou na sexta-feira, conforme relatou a agência de notícias Tass. Os serviços de emergência relataram para a agência russa que a causa da morte do empresário foi câncer e que não foram encontrados vestígios de violência no corpo do empresário.

Os dois empresários se somam a uma lista de dezenas mortes com explicações rasas na Rússia que vêm ocorrendo desde o início da guerra na Ucrânia e que têm levantado suspeitas, já que a maioria deles eram, em algum grau, críticos ao conflito. Entre as causas de morte, há relatos de quedas, suicídios e mau súbitos.

Relembre outros casos

Anatoli Gerashchenko, ex-diretor do Instituto de Aviação de Moscou (MAI), supostamente caiu de uma escada na sede do instituto na capital russa em setembro do ano passado. O MAI é uma das principais universidades russas de pesquisa científica responsável pelo desenvolvimento de tecnologia aeroespacial, e está ligado ao Ministério da Defesa de Putin, segundo o The Daily.

Dmitri Zelenov, um magnata imobiliário, morreu em 9 de dezembro em Antibes, na Riviera Francesa. Ele jantava com alguns amigos quando começou a se sentir mal e caiu de uma escada, sofrendo graves lesões na cabeça, de acordo com o veículo de notícias russo Baza e o jornal francês local Var Matin.

Alexei Maslov, de 69 anos, ex-chefe das Forças Terrestres da Rússia, morreu no hospital em 25 de dezembro do ano passado, e Aleksandr Buzakov, que havia sido chefe dos “estaleiros de almirantado” da Rússia por uma década, morreu um dia antes.

Em fevereiro, Viatcheslav Rovneiko, de 59 anos, foi “encontrado inconsciente” tarde da noite em sua casa. Ele era um magnata do petróleo russo. Também em fevereiro, um alto oficial de defesa russo foi encontrado morto após queda da uma janela de um prédio.

Também em fevereiro, Marina Yankina, de 58 anos, morreu após um suposto suicídio. Ela era chefe do departamento de apoio financeiro do Ministério da Defesa para o Distrito Militar Ocidental, órgão diretamente envolvido na guerra, segundo o The Daily. Uma semana antes, o Major General Vladimir Makarov, um general russo demitido por Putin, também foi encontrado morto após um suposto suicídio.

Em abril, Igor Shkurko, de 49 anos, diretor-geral adjunto da empresa de energia russa Yakutskenergo, foi encontrado morto em sua cela de prisão após ser acusado de suborno. Ele era membro do partido político pró-Putin Rússia Unida, mas sua filiação foi suspensa após a acusação de suborno.

Em maio deste ano, o vice-ministro da ciência da Rússia, Pyotr Kucherenko, de 46 anos, supostamente um crítico da invasão na Ucrânia, morreu repentinamente depois de ficar doente em um voo para Moscou. Ele estava retornando de uma viagem de negócios a Cuba quando seu avião foi obrigado a fazer um pouso de emergência no sul da Rússia, informou o Ministério da Ciência e Ensino Superior. Roman Super, jornalista independente, escreveu que seu “velho amigo” havia falado em particular sobre sua incapacidade de fugir da Rússia após o que ele chamou de “invasão fascista” da Ucrânia, segundo o jornal.

Em junho, Kristina Baikova, de 28 anos, vice-presidente do banco russo Loko-Bank, morreu ao supostamente cair da janela de seu apartamento em Moscou. Baikova morava no 11º andar e morreu instantaneamente após a queda.

Outras mortes recentes incluíram a editora de uma popular revista de propaganda russa, o vice-presidente do Gazprombank; um alto funcionário da Gazprom, a maior empresa de energia da Rússia; Ivan Pechorin, de 39 anos, diretor administrativo da Corporação para o Desenvolvimento do Extremo Oriente e Ártico de Putin; o ex-CEO da corporação, Igor Nosov; o magnata do petróleo Ravil Maganov; Yuri Voronov, chefe de uma empresa de transporte e logística de uma empresa ligada à Gazprom, entre outros. Mais duas mortes de executivos ligados à Gazprom foram relatadas: Alexander Tyulakov, vice-diretor geral, e Leonid Shulman, chefe de transporte na Gazprom Invest.

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