Dólar cai reagindo à China e dado dos EUA

18/out 10:00
Por Silvana Rocha / Estadão

O dólar recua ante o real, se ajustando à valorização de pares emergentes ligados a commodities em reação a dados positivos de atividade e novos estímulos monetários e ao mercado de ações na China. Nos EUA, os rendimentos dos Treasuries e o dólar ante moedas principais recuam, após as construções de moradias iniciadas caírem 0,5% em setembro ante agosto, menos que a previsão (-0,7%). Há expectativas por falas de três dirigentes do Federal Reserve nesta sexta-feira, 18.

Entre as commodities, o minério de ferro caiu 1,55% em Dalian, mas subiu 1,74% em Cingapura nesta sexta. O petróleo está instável e se encaminha para acumular a maior desvalorização semanal em pouco mais de um mês.

Os investidores monitoram os desdobramentos do quadro fiscal no Brasil, que têm trazido pressão à divisa brasileira.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutiu em reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso a ação que contesta a incorporação de valores esquecidos em contas bancárias para fins de cumprimento da meta fiscal, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O governo disse à Corte que a ação ameaça uma perda de arrecadação de R$ 14,3 bilhões em 2024. Segundo nota técnica do Ministério do Planejamento, eventual declaração de inconstitucionalidade da norma pode gerar a “necessidade de novos contingenciamentos para tornar possível cumprir a meta de resultado primário”.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve devolver 13 ações sobre a Reforma da Previdência para julgamento em 21 de outubro, segunda-feira. O impacto financeiro das ações pode atingir R$ 497,9 bilhões, o maior risco fiscal para a União.

Os dados da economia americana têm vindo resilientes e comentários recentes do Fed têm reforçado a percepção de pouco espaço para corte de juros no país. Preocupações com as eleições americanas têm pesado também para aposta em manutenção das taxas, por conta de temores de aumento do déficit fiscal e da inflação decorrentes de promessas relacionadas à eleição presidencial no início de novembro.

Na China, o PIB do terceiro trimestre teve expansão anual de 4,6%, em linha com a previsão da FactSet, mas acima dos consensos do The Wall Street Journal e da Reuters, de 4,5% em ambos os casos. Além disso, em setembro a indústria e o varejo no país surpreenderam positivamente. A Oxford Economics avalia que a desaceleração do ritmo de crescimento do PIB chinês – de 4,7% no segundo trimestre para 4,6% no terceiro – sugere riscos deflacionários estendidos.

Já o banco central chinês (PBoC) emitiu diretrizes para que bancos estatais concedam empréstimos para recompras de ações por empresas e grandes acionistas, enquanto os principais bancos comerciais cortaram suas taxas de depósito em 25 pontos-base.

Para a Oxford Economics, as medidas de estímulo anunciadas recentemente podem amortecer os riscos de queda para o crescimento do próximo ano na China, mas é improvável que as iniciativas revertam a desaceleração estrutural.

A agenda do dia traz os dados preliminares de setembro de construções de moradias iniciadas nos EUA e discursos de dirigentes do Fed: Neel Kashkari, de Minneapolis (11h); Raphael Bostic, de Atlanta (11h30 e 13h30); e o diretor Christopher Waller (13h10). Por aqui são esperados a Pnad Contínua sobre trabalho de crianças e adolescentes 2023 e o evento do programa de microcrédito Acredita, todos às 10h.

Às 9h50, o dólar à vista caía 0,22%, a R$ 5,6469, ante máxima intradia a R$ 5,6589 (-0,01%) mais cedo. O dólar para novembro cedia 0,11%, a R$ 5,6540.

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