Dólar sobe de olho em China, Treasuries e risco fiscal no Brasil

17/jun 09:52
Por Silvana Rocha / Estadão

Após breve queda na abertura desta segunda-feira, 17, o dólar no mercado à vista passou a subir. Investidores precificam a valorização dos rendimentos dos Treasuries, alta nas projeções de inflação do mercado para este e o próximo ano no Focus e operam sob cautela fiscal.

O mercado aguarda nesta segunda algum anúncio de medidas de revisão de gastos por parte do governo e, na quarta-feira, 19, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) para a taxa Selic, com apostas majoritárias em manutenção no patamar atual de 10,50% ao ano e com placar unânime.

No foco está a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros que compõem a Junta de Execução Orçamentária, e a expectativa é de que um corte de despesas entre na pauta do encontro em busca do equilíbrio fiscal neste e no próximo ano. Também é aguardada a apresentação pelo Senado nesta semana de medidas de compensação à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos de empresas e municípios.

Pesam ainda contra o real a queda de 1,63% do minério de ferro e de dados de produção industrial e vendas no varejo na China aquém das previsões dos analistas. Além disso, o BC chinês (PBoC) manteve a taxa de juro de sua linha de empréstimo de médio prazo em 2,5%, sinalizando que os juros de referência da China não devem sofrer alterações nesta quarta-feira.

Apenas na abertura, o dólar à vista exibiu viés de baixa, com realização após subir 1,08% na semana passada e diante da acomodação externa do índice DXY do dólar ante outras moedas principais e ligeira alta do petróleo.

Lá fora, os investidores aguardam comentários de dirigentes do Fed, além das decisões de juros na semana do Banco da Inglaterra e do BC chinês. Hoje, há eventos programados com o presidente do Fed de Nova York, John Williams (13h); o presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker (14h), e a diretora Lisa Cook (22h). O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse no domingo (16) que a previsão do mercado financeiro de que a autoridade de política monetária reduzirá os juros uma vez em 2024 é “razoável”, e deve ocorrer “provavelmente mais para o fim do ano”.

Mais cedo, o Fed de Nova York informou que o índice de atividade industrial Empire State subiu a -6,0 em junho, ante previsão de -8,4.

No boletim Focus, as projeções para o IPCA para 2024 subiram de 3,90% para 3,96%; e para 2025, de 3,78% para 3,80%, enquanto para 2026 e 2027 permaneceram em, respectivamente, 3,60% e 3,50%. A estimativa para a Selic no fim de 2024 passou de 10,25% para 10,50% ao ano; e para fim de 2025, de 9,25% para 9,50% ao ano, sendo mantidas em 9,00% para fim de 2026 e 2027. A previsão de alta do PIB de 2024 desacelerou de 2,09% para 2,08%, e para alta do PIB em 2025 segue em 2,00%. Já a taxa de câmbio para 2024 passa de R$ 5,05 para R$ 5,13; e para 2025, de R$ 5,09 para R$ 5,10.

Mais cedo, a Fundação Getúlio Vargas informou que o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,83% em junho, após a alta de 1,08% em maio. O resultado superou a mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro, calculada em 0,77%, e ficou dentro do intervalo, entre 0,60% e 0,88%, da pesquisa Projeções Broadcast. Com o resultado, o IGP-10 acumula um aumento de 1,18% neste ano. A taxa acumulada em 12 meses ficou positiva em 1,79%.

Às 9h36 desta segunda-feira, o dólar á vista subia 0,41%, a R$ 5,4039. O dólar futuro para julho ganhava 0,48%, a R$ 5,4085.

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