Dólar sobe pelo 3º pregão consecutivo com atenção a Fed, China e fiscal

09/out 17:47
Por Caroline Aragaki / Estadão

O dólar se fortaleceu ainda mais globalmente e ante o real no período da tarde desta quarta-feira, 9, valorizando-se pelo terceiro pregão consecutivo. A maior demanda pela divisa americana ocorre porque as incertezas em relação aos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não se dissiparam após a ata da última reunião de política monetária, enquanto o mercado segue frustrado com a falta de estímulos expressivos por parte da China e também atento a qualquer hipótese que poderia deteriorar o quadro fiscal brasileiro. Nesta quarta, o real teve a 2ª pior performance entre as principais moedas de emergentes e exportadores de matéria-prima, ficando atrás apenas do dólar neozelandês.

O DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes subiu 0,36%, a 102,928 pontos. Já contra o real, o dólar teve valorização mais expressiva: avançou 0,98%, a R$ 5,5871 no contrato à vista. Por volta das 17h22, o contrato para novembro subia 0,93%, a R$ 5,6020.

O dólar à vista e para novembro renovou máximas em sintonia com o DXY à tarde, após a ata da última reunião do Fed não ter trazido grande variação nas apostas do mercado para o ciclo de afrouxamento do banco central americano.

“Desde o relatório de emprego dos Estados Unidos de setembro payroll, o mercado passou a duvidar se vai haver um corte de juros do Fed de até 25 pontos-base na próxima reunião, e isso machuca todas as moedas. A ata só reforçou que o Fed vai ficar dependente de dados da economia”, afirma Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Derivativos do BS2.

O segundo ponto externo é a decepção com a China, que pressionou as commodities. Haverá uma coletiva de imprensa da segunda maior economia do mundo no sábado, e pode ser a oportunidade de o governo anunciar mais medida de apoio fiscal. “Ainda assim, o mercado está desconfiado sobre a real disposição das autoridades chinesas em adotar estímulos maciços”, avalia Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

Entre os fatores locais, operadores mencionam preocupações fiscais após notícia da Folha de S.Paulo de que o Ministério da Fazenda está considerando a criação de imposto mínimo para pessoas físicas com renda acima de R$ 1 milhão, como contrapartida para aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para R$ 5 mil, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Chiumento afirma que “a contrapartida nesse eventual plano só funcionaria se fosse no mesmo timing, e isso historicamente nunca foi feito e provavelmente nunca será feito”, frisando que aumentar os impostos de parte da população não seria um movimento fácil.

Já Borsoi avalia que o desconforto fiscal decorre também de o governo não tem demonstrado flexibilidade em cortar gastos. “Só se fala em aumento de impostos, de arrecadação, e isso dá caráter frágil ao fiscal”, diz.

Outro ponto que ganhou atenção foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, divulgado no período da manhã.

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