Dom Joel Portella Amado, novo Bispo de Petrópolis, fala sobre seus planos para a comunidade petropolitana
Dom Joel Portella Amado, nascido no Rio de Janeiro em 2 de outubro de 1954, assumiu a posição de 6º Bispo de Petrópolis no dia 9 de março. Com uma trajetória que inclui estudos em Filosofia e Teologia, doutorado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e formação em Direito na UERJ, Dom Joel foi ordenado presbítero em 1982. Em dezembro de 2016, foi designado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro pelo Papa Francisco, com ordenação episcopal em janeiro de 2017.
Sua atuação na Arquidiocese foi marcada por diversas responsabilidades, incluindo a presidência da Comissão Arquidiocesana para a Tutela de Menores e Pessoas Vulneráveis e a função de Secretário Geral da CNBB de 2019 a 2023. Em 2023, foi eleito Presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB.
A chegada de Dom Joel à Diocese de Petrópolis, especialmente no mês em que a cidade completa 181 anos, representa um novo capítulo para os petropolitanos. Em entrevista à Tribuna de Petrópolis, Dom Joel falou sobre a sua visão e seus planos para a diocese, abordando temas como a formação religiosa, a importância do diálogo inter-religioso, a participação ativa da comunidade e a integração da herança cultural na vida pastoral.
Dom Joel, sua posse como Bispo de Petrópolis ocorreu no mesmo mês em que a cidade completa 181 anos. Considerando que assumir a liderança de uma nova diocese é um desafio significativo, quais serão suas primeiras ações no pastoreio da Diocese de Petrópolis?
“Aproximar-me da comunidade diocesana, pois o importante é conhecer e transformar os números que me foram apresentados nos relatórios em rostos, histórias, vidas. Sem esse conhecimento, muito pouco poderá ser feito. Aproveito para enviar um abraço amigo a cada petropolitano, a cada petropolitana. Afinal, a festa é da cidade e, portanto, é de todos nós. Desejo que essa festa seja inspiração para que nossa cidade cresça na paz e no bem-comum, na união e na solidariedade. Parabéns, Petrópolis.”
Considerando o compromisso com a educação e o ensino, como pretende fortalecer a formação religiosa dos fiéis de Petrópolis? Existem planos para intensificar ações educativas e catequéticas na diocese?
“É inegável que o mundo da educação seja uma urgência. Sempre foi, mas adquire urgência maior nesses tempos de tantas mudanças e incertezas. Por isso, o primeiro passo, em coerência com o que afirmei na pergunta anterior, consiste em conhecer o que já está sendo feito, tanto na educação em geral quanto na parte especificamente catequética. Na educação em geral, eu desejo conhecer o que existe em termos, por exemplo, de escolas católicas e de pastoral da educação. Lembro que temos uma universidade católica, a UCP, com rica tradição educadora. Destaco ainda as 28 escolas paroquiais conveniadas com a Prefeitura de Petrópolis. Essa, pelo que pude compreender, é uma experiência bem própria de Petrópolis. Fiquei bem interessado nela e a desejo conhecer.
Quanto à catequese, o caminho será o mesmo: conhecer o que já está sendo feito e ajudar a caminhar na direção do que a Igreja hoje tem compreendido como catequese, em especial no que diz respeito à iniciação à vida cristã.”
Os números mais recentes do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a cidade de Petrópolis abriga 827 templos religiosos (de todos os tipos) – igrejas, templos, sinagogas e terreiros. Quais são as suas perspectivas para promover o diálogo e entendimento entre diferentes tradições religiosas na cidade?
“Nosso tempo necessita de comunhão, unidade e solidariedade como caminhos para a paz. E as religiões são um caminho para isso. Religião não pode ser fonte de separação, desunião e violência. Com base no respeito a cada tradição religiosa, creio que podemos fazer muito em favor da paz e do bem comum. Por isso, desejo conhecer o que já vem sendo feito na diocese de Petrópolis em termos de ecumenismo e de diálogo inter-religioso e, no que me for possível, contribuir para o crescimento da unidade. Agradeço a entrevista e a pergunta, pois elas me permitem enviar já agora um abraço fraterno a todos os irmãos e irmãs das diferentes tradições religiosas.”
Em seus primeiros meses como Bispo de Petrópolis, como pretende estabelecer uma conexão efetiva com os padres, religiosos e fiéis da diocese? Existem planos específicos para promover a participação ativa dos membros da comunidade na vida eclesiástica?
“Tenho tido contato com os padres desde o dia seguinte à minha nomeação. Já me reuni com o Colégio de Consultores, instância que, junto com o Administrador Diocesano, cuida da diocese até o novo bispo chegar, já participei de um encontro com todos os padres e já me reuni com alguns para tratar de assuntos específicos. Com o restante do povo de Deus em Petrópolis, embora a vontade de conhecer, de estar junto, seja grande, devo aguardar o dia da chegada, da posse. Algumas pessoas já me mandaram mensagens, já falaram comigo nos dias em que estive na cúria e na catedral, mas o contato mesmo será feito após a chegada definitiva.
Quanto à participação efetiva, sem querer me tornar repetitivo, preciso conhecer e conversar. Não existe participação sem conhecimento, convívio e diálogo. Participação não se constrói por decreto, mas por convívio. Atualmente, por iniciativa do Papa Francisco, muito se tem falado a respeito da sinodalidade, que nada mais é do que a participação a que a pergunta se refere. Está em curso um sínodo, um encontro com representantes católicos de todo o mundo para tratar exatamente desse assunto. Como sabem, eu sou um dos representantes do Brasil, junto com outros bispos e duas leigas. Tivemos, em Roma, a primeira sessão ao longo de todo o mês de outubro de 2023 e teremos outra em outubro deste ano. Resumidamente, tem-se ratificado a proposta de conselhos, assembleias e outros momentos semelhantes em todas as instâncias. Pelo que pude verificar, a diocese de Petrópolis possui esses instrumentos de participação. Desejo conhecê-los e caminhar com eles.”
Dada a rica tradição cultural de Petrópolis, como planeja integrá-la às atividades pastorais?
“Tenho procurado conhecer essa herança cultural e tenho descoberto que existe mais do que conheço. Essa descoberta tem fortalecido em mim a certeza de que a missão específica da Igreja, que é evangelizar, passa também por essa relação com a herança cultural da cidade. Cada região tem um jeito de concretizar essa integração. Algumas dioceses chegam a ter comissões específicas para isso. Na conversa com alguns padres, tenho percebido o quanto a herança cultural de Petrópolis tem sido valorizada. No momento, o que posso dizer é que me uno ao que tem sido feito no desejo de que esse diálogo seja cada vez mais fecundo.”
Para finalizar, como o Sr. espera que sua liderança e as primeiras ações pastorais impactem a vida espiritual e comunitária dos petropolitanos? Qual mensagem de fé gostaria de transmitir à comunidade diocesana neste momento inicial?
“Desde o primeiro momento em que minha indicação para Petrópolis foi feita, tenho experimentado um grande acolhimento. Tenho insistido quanto ao fato de que ganhei um grande presente: a diocese de Petrópolis. Creio, portanto, que a palavra acolhimento resuma bem o que eu gostaria que fosse esse primeiro momento. Desejo que, com a graça de Deus, eu possa acolher cada pessoa, grupo, comunidade com o mesmo carinho com que fui acolhido e que, juntos, possamos semear ainda mais o acolhimento, a comunhão e a fraternidade em meio à cidade de Petrópolis e às demais cidades que compõem a diocese. Essa é a minha mensagem de fé: gratidão a Deus pelo acolhimento, gratidão a Deus pelo presente recebido e pedido de que Ele abençoe cada pessoa que reside, trabalha, estuda e até mesmo só passe pela diocese, na correria da vida. Para mim, Petrópolis agora é minha casa, minha família. Vamos juntos. O Senhor está no meio de nós!”