Eduardo sob medida

24/10/2018 10:30

Na edição de nossa Tribuna de Petrópolis do último dia 21 de outubro, a jornalista Carolina Freitas, naquele seu importante ciclo de reportagens recordando as lojas comerciais notáveis, que existiram no século XX, em nossa Rua do Imperador (antiga 15 de Novembro), relembrou a Casa Edsan, um “tesouro entre tecidos”, em belo texto e

feliz lembrança. Parabéns pela matéria, digna de seu talento na profissão que tão bem exerce e dignifica.


A repórter revelou o imenso empreendedorismo do fundador e

proprietário da casa comercial, Eduardo Heleodoro Gomes dos Santos, ou

Eduardo Santos ou Edsan, filho de Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos e

Georgina Marcela Carvalho Pereira dos Santos, 3º filho do casal,

recebido pelas irmãs Maria Hortência e Maria de Lourdes e acompanhando

o nascimento de Paulo Jeronymo, Maria do Carmo e dois pares de gêmeos

falecidos nos primeiros meses de vida. O pai contraiu novo casamento

com Astrogilda Marques Duarte dos Santos, tendo o casal os filhos

Gilda, Joaquim Eloy, Ruth, Marilda e Alba, esta falecida ao atingir

pouco mais de 1 ano de idade. Sua segunda esposa era viúva e vinha com

um filho Antenor. Somados os rebentos, todos irmãos, Joaquim Heleodoro

colecionou em seu amor e responsabilidade 15 descendentes diretos.


E, como filosofa a sabedoria popular: “nada em nosso mundo acontece

por acaso”, a reportagem de Carolina Freitas surgiu no ano do

centenário de Eduardo, nascido em Petrópolis no dia 24 de abril de

1918. Sua história e seu talento para a atividade comercial estão bem

assinaladas na reportagem, onde se lê que Eduardo, funcionário da

empresa comercial “Casa Fortaleza”, dos empresários Chaves & Cruz,

assumiu a loja quando os empresários partiram para outros

empreendimentos, acreditando ambos e o pai Joaquim Heleodoro naquele

“menino” e negociando a empresa, passando-a ao domínio de Eduardo.


A “Casa Fortaleza” foi rebatizada “Edsan”, iniciais do nome Eduardo

Santos, já produzindo as “camisas sob medida”, criação do jovem

empresário, adquirindo com a excelência do produto clientela local,

veranista e muitos visitantes que elegeram a “Edsan” como fornecedora

única de todo o vestuário masculino de centenas de famílias.


Seu viés educado, culto, de visão empresarial privilegiada, fê-lo

crescer, ao ponto de adquirir imóveis no Centro Histórico, onde

reinstalou a loja central, criou uma filial, a “Edsan Junior” na

galeria do Edifício Profissional e nesse arranha-céu instalou sua

confecção em toda a extensão dos fundos das sobrelojas, imóvel que foi

negociado com a Justiça do Trabalho.


Sofrendo a concorrência das lojas de roupas feitas, suas camisas sob

medida continuaram prestigiadas, assim como as finas peças do

vestuário masculino, de excelentes marcas, com uma clientela fiel mas

que foi envelhecendo e, com o falecimento do empresário, passando tudo

aos filhos (Maria Elisabeth, Maria Teresa, Eduardo Filho e Marcelo),

estes, heroicamente, mantiveram o padrão de excelência, funcionando a

“Edsan” ainda por muitos anos.  Com as crises geradas pela má

política, não foi possível a continuidade da loja e da confecção e a

“Edsan” passou a integrar a história da economia fluminense com

destaque merecido como uma das melhores e mais conceituadas empresas

petropolitanas de todos os tempos.


A minha homenagem, nessa sua data centenária, ao meu irmão Eduardo,

sob imensa gratidão pelo amparo que deitou em nós, seus irmãos,

ajudando em nossos estudos e no exemplo de seu feitio honrado, junto

ao nosso pai, de mesma têmpera e profundo amor à vida e aos

semelhantes no melhor da conceituação cristã de vida.


(Dedico essa crônica à inesquecível sobrinha Fátima Regina Moreira

Gomes dos Santos, esposa de Eduardo Heleodoro Filho, recentemente

falecida, sempre amiga, que deixa imensa lacuna nos corações de

quantos conviveram com sua alegria, garra, talento e suave amor pela

vida).

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