Eduardo sob medida
Na edição de nossa Tribuna de Petrópolis do último dia 21 de outubro, a jornalista Carolina Freitas, naquele seu importante ciclo de reportagens recordando as lojas comerciais notáveis, que existiram no século XX, em nossa Rua do Imperador (antiga 15 de Novembro), relembrou a Casa Edsan, um “tesouro entre tecidos”, em belo texto e
feliz lembrança. Parabéns pela matéria, digna de seu talento na profissão que tão bem exerce e dignifica.
A repórter revelou o imenso empreendedorismo do fundador e
proprietário da casa comercial, Eduardo Heleodoro Gomes dos Santos, ou
Eduardo Santos ou Edsan, filho de Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos e
Georgina Marcela Carvalho Pereira dos Santos, 3º filho do casal,
recebido pelas irmãs Maria Hortência e Maria de Lourdes e acompanhando
o nascimento de Paulo Jeronymo, Maria do Carmo e dois pares de gêmeos
falecidos nos primeiros meses de vida. O pai contraiu novo casamento
com Astrogilda Marques Duarte dos Santos, tendo o casal os filhos
Gilda, Joaquim Eloy, Ruth, Marilda e Alba, esta falecida ao atingir
pouco mais de 1 ano de idade. Sua segunda esposa era viúva e vinha com
um filho Antenor. Somados os rebentos, todos irmãos, Joaquim Heleodoro
colecionou em seu amor e responsabilidade 15 descendentes diretos.
E, como filosofa a sabedoria popular: “nada em nosso mundo acontece
por acaso”, a reportagem de Carolina Freitas surgiu no ano do
centenário de Eduardo, nascido em Petrópolis no dia 24 de abril de
1918. Sua história e seu talento para a atividade comercial estão bem
assinaladas na reportagem, onde se lê que Eduardo, funcionário da
empresa comercial “Casa Fortaleza”, dos empresários Chaves & Cruz,
assumiu a loja quando os empresários partiram para outros
empreendimentos, acreditando ambos e o pai Joaquim Heleodoro naquele
“menino” e negociando a empresa, passando-a ao domínio de Eduardo.
A “Casa Fortaleza” foi rebatizada “Edsan”, iniciais do nome Eduardo
Santos, já produzindo as “camisas sob medida”, criação do jovem
empresário, adquirindo com a excelência do produto clientela local,
veranista e muitos visitantes que elegeram a “Edsan” como fornecedora
única de todo o vestuário masculino de centenas de famílias.
Seu viés educado, culto, de visão empresarial privilegiada, fê-lo
crescer, ao ponto de adquirir imóveis no Centro Histórico, onde
reinstalou a loja central, criou uma filial, a “Edsan Junior” na
galeria do Edifício Profissional e nesse arranha-céu instalou sua
confecção em toda a extensão dos fundos das sobrelojas, imóvel que foi
negociado com a Justiça do Trabalho.
Sofrendo a concorrência das lojas de roupas feitas, suas camisas sob
medida continuaram prestigiadas, assim como as finas peças do
vestuário masculino, de excelentes marcas, com uma clientela fiel mas
que foi envelhecendo e, com o falecimento do empresário, passando tudo
aos filhos (Maria Elisabeth, Maria Teresa, Eduardo Filho e Marcelo),
estes, heroicamente, mantiveram o padrão de excelência, funcionando a
“Edsan” ainda por muitos anos. Com as crises geradas pela má
política, não foi possível a continuidade da loja e da confecção e a
“Edsan” passou a integrar a história da economia fluminense com
destaque merecido como uma das melhores e mais conceituadas empresas
petropolitanas de todos os tempos.
A minha homenagem, nessa sua data centenária, ao meu irmão Eduardo,
sob imensa gratidão pelo amparo que deitou em nós, seus irmãos,
ajudando em nossos estudos e no exemplo de seu feitio honrado, junto
ao nosso pai, de mesma têmpera e profundo amor à vida e aos
semelhantes no melhor da conceituação cristã de vida.
(Dedico essa crônica à inesquecível sobrinha Fátima Regina Moreira
Gomes dos Santos, esposa de Eduardo Heleodoro Filho, recentemente
falecida, sempre amiga, que deixa imensa lacuna nos corações de
quantos conviveram com sua alegria, garra, talento e suave amor pela
vida).