Egito anuncia descoberta de ‘cidade romana inteira’ em Luxor

26/01/2023 18:04
Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

Uma missão arqueológica do Egito descobriu uma cidade residencial completa da época do Império Romano durante trabalhos de escavação na margem leste do Rio Nilo, na histórica cidade de Luxor, no sul do país. Segundo o anúncio do Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito, feito na terça-feira, 24, a descoberta data dos séculos 2º e 3º, no início da Era Cristã.

Na chamada “extensão de Tebas”, antiga capital do Egito Antigo, foram descobertas oficinas metalúrgicas com diversos utensílios e moedas romanas de cobre e bronze, como explicou Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito. Segundo ele, as escavações no local, próximo do templo de Luxor e a cerca de 500 quilômetros ao sul do Cairo, continuam. “Elas (escavações) podem revelar mais segredos desta cidade.”

Waziri explicou que, durante as escavações, a missão encontrou vários edifícios habitacionais e dois pombais dos séculos 2º e 3º, bem como diversas oficinas de metalurgia e fundição com vasos, garrafas de água, jarras, candeeiros de cerâmica e utensílios de moagem.

Segundo o diretor-geral de Antiguidades do Alto Egito, Fathi Yasin, dentro dos pombais foram encontrados vasos de cerâmica que serviam de ninho para pombos que, de acordo com estudos preliminares, começaram a ser usados nos tempos romanos.

É um achado arqueológico raro no Egito, onde as escavações, principalmente no local em Luxor onde ficam os famosos Vale das Rainhas e o Vale dos Reis, são mais comumente de templos e túmulos.

Em abril de 2021, as autoridades anunciaram a descoberta de uma “cidade dourada perdida” de 3 mil anos, também em Luxor, com a equipe arqueológica chamando-a de a maior cidade antiga já descoberta no Egito.

Múmias

Nos últimos meses, o país africano revelou ao mundo uma série de descobertas importantes, principalmente na necrópole de Saqqara, ao sul do Cairo. Nesta quinta-feira, 26, o país anunciou a descoberta de quatro tumbas de faraós e uma múmia de mais de 4 mil anos encontradas neste sítio arqueológico, que é conhecido pela famosa pirâmide do faraó Djoser, um dos monumentos mais antigos da humanidade.

As quatro tumbas foram atribuídas à quinta e sexta dinastias egípcias, entre os anos 2.500 e 2.100 antes da Era Cristã. O arqueólogo Zahi Hawass explicou que ali foi enterrado Khnumdjedef, sumo sacerdote do faraó Unas, cuja pirâmide fica na mesma região.

Durante as escavações, com 15 metros de profundidade, os arqueólogos também encontraram um sarcófago de calcário em estado de conservação “exato” ao de “4.300 anos atrás”, informou Hawass. Quando o abriram, encontraram uma múmia coberta em ouro. “Uma das mais antigas e mais bem conservadas”, disse o arqueólogo.

A necrópole de Saqqara, situada ao sul das famosas pirâmides de Gizé, é considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Em janeiro, o Egito também anunciou que uma tumba havia sido encontrada em Luxor, provavelmente pertencente a uma mulher real da 18ª Dinastia, a de Akhenaton e Tutancâmon, datada de 3.500 anos. No entanto, para alguns especialistas, essa afirmação tem mais caráter político e econômico do que científico.

O país, que tem 104 milhões de habitantes, passa por grave crise econômica, sobretudo após a pandemia de covid-19, e aposta em anúncios como esses para reativar o turismo. O governo quer atrair 30 milhões de visitantes por ano até 2028, em comparação aos 13 milhões que viajavam para o país antes da pandemia.

O turismo no Egito, que emprega 2 milhões de pessoas e é responsável por mais de 10% do Produto Interno Bruto nacional, segue em queda desde a Primavera Árabe, em 2011. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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