Eleições 2020: Tribuna entrevista o pré-candidato a prefeito Yuri Moura sobre saúde pública
Yuri Moura é pré-candidato pelo PSOL. É petropolitano, professor de história e gestor público especializado em cidades. Tem 10 anos de experiência na administração pública: trabalhou na Prefeitura, ALERJ, Senado e Câmara Federal. Lutou pela cassação dos vereadores corruptos; apresentou inúmeros projetos populares de lei; conquistou 2,5 milhões em recursos para saúde e educação; foi apresentador na TV e no rádio local; e colaborou com a formação de mais de mil jovens e adultos através da Escola Popular. Em 2016 foi o 3º colocado para prefeito, em 2018 teve 12.623 votos para deputado estadual.
Hoje, 77% da população de Petrópolis é atendida pelo SUS na Atenção Básica de Saúde. O orçamento da Saúde, somados repasses estaduais e federais é de R$ 345 milhões. As construções de novas unidades de saúde como a da Posse e a de Araras levaram seis anos para serem concluídas, ou seja, atravessaram duas gestões. Como o seu governo vai fazer para acelerar a instalação dos postos de saúde?
É preciso inverter a lógica da política de saúde, hoje temos uma secretaria da doença, que não prioriza o tratamento preventivo e integral. Vamos investir na atenção básica, garantir o funcionamento pleno das 44 unidades já instaladas nos bairros e depois abrir novas. Pois em todos estes postos temos problemas: faltam insumos e equipamentos, as equipes multidisciplinares estão incompletas, tudo isso prejudica o atendimento à população. Assim, com mais serviços de prevenção nos postos, teremos menos hipertensos ou diabéticos com quadro grave nas urgências.
Do ponto de vista da gestão ainda não foram implantadas, na totalidade, ações como o prontuário eletrônico em todas as unidades e a biometria para controlar a freqüência dos médicos e servidores. A falta de informatização na Saúde é um dos entraves para melhorar o sistema na cidade. Como a sua gestão vai tratar esta deficiência?
A rede de saúde precisa de gestão e um sistema integrado. Atualmente uma pessoa doente que necessita de consulta com especialista, exame ou cirurgia, faz uma peregrinação encontrando muitas filas, fichas e papéis. Nós vamos usar a tecnologia para agilizar e humanizar o atendimento. O SUS já fornece estas ferramentas, organizando e capacitando equipes, a prefeitura não precisará gastar milhões na informatização. Do postinho até o HAC teremos o histórico médico completo das pessoas, o ponto dos servidores e outros indicadores em saúde.
Pacientes reclamam de demora na marcação de exames e consultas, em especial os pré-operatórios, e também demora na marcação das cirurgias. Há pessoas que já refizeram exames várias vezes porque as cirurgias são sempre adiadas. A pandemia do coronavírus fez a fila pelas cirurgias crescer. Como sua gestão vai colocar um fim às filas para cirurgias?
Como primeira medida precisamos organizar mutirões de exames, procedimentos e cirurgias. Articular com governos estadual e federal para conseguirmos acabar com a fila. Em seguida dar mais transparência, já que a velha política da indicação e do favorzinho ainda interferem na ordem destas marcações – o critério precisa ser médico, não eleitoral. Também vamos abrir concursos públicos, ampliando a nossa capacidade de atendimento. A pandemia só demonstrou a ineficiência do sistema atual, marcado pela má gestão dos recursos públicos e por convênios equivocados.
Petrópolis vive hoje duas realidades: moradores que entram na justiça para garantir vagas, remédios e cirurgias. Por outro lado, assistem os moradores de outros municípios serem atendidos nas emergências da cidade. E Petrópolis não recebe indenização das cidades de origem dessas pessoas pelo atendimento que foi prestado aqui. Como sua gestão vai resolver os dois problemas?
O SUS tem como princípio a universalidade do atendimento à todo brasileiro ou brasileira sem discriminação. Os problemas em saúde na cidade são causados pela falta de eficiência na gestão. O governo municipal deveria propor consórcios e convênios com outros municípios, compartilhando despesas, referenciando a rede com um olhar regional, principalmente em alta e média complexidade. Vários petropolitanos são atendidos em outras cidades, isso deveria ser visto como uma oportunidade de estruturação conjunta dividindo custos e responsabilidades.
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