Eleita primeira-ministra, Liz Truss se espelha em Margaret Thatcher
Quando criança, Liz Truss, eleita nesta segunda-feira nova primeira-ministra do Reino Unido, fez manifestações contra a conservadora Margaret Thatcher. Já adulta, passou a admirar a primeira líder feminina do país.
Ministra das Relações Exteriores, Truss foi nomeada vencedora, nesta segunda-feira, na disputa para substituir Boris Johnson como líder do Partido Conservador e o primeira-ministra da nação insular.
Truss, de 47 anos, será a terceira premiê mulher britânica, depois de Thatcher, que governou de 1979 a 1990, e Theresa May, que ocupou o cargo de 2016 a 2019.
Membros do Partido Conservador endossaram a política de Truss para reduzir impostos e manter o firme apoio britânica à Ucrânia.
Nascida em Oxford em 1975, Mary Elizabeth Truss é filha de um professor de matemática e uma enfermeira. Ela e a família fizeram protestos antinucleares e anti-Thatcher. Quando criança se lembrava de gritar: “Maggie, Maggie, Maggie, fora, fora!”
Em um discurso de 2018, ela disse que começou a desenvolver suas próprias opiniões políticas cedo, “argumentando contra meus pais socialistas em nossa casa de esquerda”.
Truss frequentou a Universidade de Oxford, onde estudou filosofia, política e economia e foi presidente do ramo universitário do Partido Liberal Democrata. Depois de Oxford, Truss se juntou ao Partido Conservador – “quando isso estava claramente fora de moda”, ela disse mais tarde.
Truss trabalhou como economista para a empresa de energia Shell e a empresa de telecomunicações Cable and Wireless, e para um think tank de centro-direita enquanto se envolvia na política conservadora e defendia as visões thatcheristas de livre mercado. Ela serviu como conselheira local em Londres e concorreu sem sucesso ao Parlamento duas vezes antes de ser eleita para representar o condado de Norfolk, no sudoeste da Inglaterra, em 2010.
Truss conseguiu seu primeiro cargo no governo como secretária de alimentos e meio ambiente em 2014, causando sua maior impressão com um discurso muito ridicularizado no qual ela trovejou que era “uma desgraça” que o Reino Unido importe dois terços de seu queijo.
No referendo britânico de 2016 sobre a saída da União Europeia, Truss apoiou o lado perdedor do “permanece”, embora ela diga que sempre foi uma eurocética natural. Desde a votação, ela conquistou os adeptos do Brexit com sua abordagem intransigente em relação à UE.
A política se tornou secretária de Justiça, mas foi rebaixada para um cargo mais baixo no Tesouro em maio de 2017. Quando May foi derrubada por seu repetido fracasso em quebrar um impasse político sobre o Brexit, Truss foi uma das primeiros apoiadoras de Boris Johnson para substituí-la. Quando ele ganhou, Johnson nomeou como secretária de comércio.
Em setembro de 2021, ela foi nomeada secretária de Relações Exteriores, a principal diplomata do país. Seu desempenho atraiu críticas mistas. Muitos elogiam sua resposta firme à invasão da Ucrânia, e ela garantiu a libertação de dois cidadãos britânicos presos no Irã, onde seus antecessores falharam.
Mas os líderes e autoridades da UE que esperavam que ela desse um tom mais suave às relações do Reino Unido com o bloco ficaram desapontados.