Em 2007, Bolsonaro defendeu decisão do Supremo para obrigar Câmara a abrir CPI

10/04/2021 07:34
Por Redação, O Estado de S.Paulo / Estadão

Quando era deputado federal, Jair Bolsonaro defendeu, em 2007, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de obrigar a Câmara dos Deputados a instalar a CPI do Apagão. À época, Bolsonaro era o oposição e o governo estava sob o comando do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Eu espero que o Supremo tenha, apesar do que eu falei aqui, é o Supremo… Espero que tenha uma decisão lá voltada para a razoabilidade e deixe instalar a CPI”, disse Bolsonaro em entrevista à TV Câmara, veiculada em 2007.

A opinião do então deputado contrasta com o que disse nesta sexta-feira, 8, o presidente da República. Bolsonaro criticou o ministro do STF Luís Roberto Barroso por determinar a instalação da CPI da Covid para apurar a omissão do governo na condução da pandemia de coronavírus.

“Barroso, nós conhecemos seu passado, sua vida, como chegou ao Supremo Tribunal Federal, inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti (italiano extraditado em 2019, após ser condenado por homicídios em seu país). Use a sua caneta para boas ações, em defesa da vida e do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do Supremo”, disse o presidente, cobrando a abertura de impeachment contra ministros da Corte.

Em 2007, a CPI do Apagão pretendia investigar a crise no sistema aéreo brasileiro causada pelo acidente entre um Boeing da Gol (vôo 1907) e o jato Legacy, no qual morreram 154 pessoas. O então presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), se recusava a instalar a CPI para apurar fraudes nas empresas aéreas. Chinaglia chegou a enviar ao Supremo as informações solicitadas pelo então ministro Celso de Mello sobre as circunstâncias e as causas da não-instalação da CPI.

A oposição da época, composta por PSDB, PPS (atual Cidadania) e PFL (hoje DEM), entrou com recurso ao STF, na tentativa de abrir a CPI para investigar o caos no setor aéreo. A comissão só foi instalada após decisão do Judiciário.

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