Em busca de mais qualidade de vida, cada vez mais petropolitanos escolhem Portugal como novo país

28/08/2022 10:41
Por Helen Salgado

O número de brasileiros que vivem em situação regular em Portugal bateu recorde em 2022 — são 252 mil. O levantamento foi revelado pelo jornal português “Diário de Notícias”, a partir de números do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), órgão responsável pelo setor de imigração do país europeu. Em Petrópolis, o advogado de imigração, Conrado Sanches, conta que houve um aumento na demanda em 40%, principalmente para os vistos de pessoas com rendimentos.

Gresciane Fercher morava em Petrópolis há 50 anos, mas há um ano e três meses decidiu recomeçar a vida na Europa. Após a filha se mudar para Portugal, ela resolveu morar também no País. Depois de sete meses morando fora, o marido se junta a elas e em outubro, a filha mais nova do casal também se muda. Para completar, Gresciane diz que agora só falta um filho se mudar para a família estar reunida novamente.

A petropolitana trabalhava em uma cervejaria em Duque de Caxias. Com a pandemia, a empresa sofreu de forma bastante significativa, Gresciane conta que o salário dos funcionários caiu pela metade.

“Eu não aguentei o meu emocional porque foi muito ruim. Quando Mariane veio embora eu senti muito porque ela morava em cima da minha casa, todos os filhos moravam ao meu redor. Daí saiu ela, os meus netos e eu fiquei depressiva, o trabalho só estava ajudando a piorar. Chegou um ponto que eu já estava insuportável comigo mesma, então resolvi mudar”, lembra.

Gresciane Fercher e o marido, Ricardo Fercher

Em três meses ela resolveu todo o processo burocrático para a mudança e passou pelo portão de embarque com uma passagem só de ida para as terras portuguesas. Para Gresciane, a maior diferença entre Portugal e o Brasil é a qualidade de vida.

“Ninguém vem a Portugal para ficar rico, vem apenas pela qualidade de vida. Por exemplo, aqui eu trabalho bastante, mas você tem reconhecimento, você recebe bem pra isso. Por exemplo, eu trabalho com limpeza. Eu trabalho por hora, o salário que eu ganho aqui, jamais eu ganharia no Brasil”, conta.

Ela diz ainda que com o salário do mês, paga o aluguel, as contas e faz as compras do mês com produtos de qualidade. “Comprei as passagens para ver as luzes de Natal em Paris no final do ano, comprei a da minha filha, comprei meu carro, compro as minhas coisas”, conta.

Vistos para titulares de rendimentos lideram o ranking

O advogado de imigração, Conrado Sanches, trabalha com diversos tipos de serviços, entre eles: nacionalidade portuguesa, vistos de residência, busca de documentos e direito internacional. Ele explica que as famílias que desejam se mudar para Portugal podem ir tanto com o processo de nacionalidade quanto o de visto, e que o processo de nacionalidade portuguesa carece de um ascendente português de 1º ou 2º grau.

Já para os vistos de residência, o advogado explica que vai depender de qual visto a família vai escolher para morar lá: trabalho, estudos, rendimentos próprios ou aposentados.

Nos casos de vistos de residência, a família pode optar pelo seguinte: embarcar com o titular do visto (pai ou mãe que conseguiu a autorização) e chegando em Portugal faz o reagrupamento familiar; ou espera o titular do visto chegar em Portugal e pede o visto D6 daqui do Brasil, que é o reagrupamento, e aí embarca rumo ao país. O profissional explica que existem diversas categorias de visto:

D1 – Visto para Trabalho – Visto de Residência para Exercício de Atividade profissional Subordinada;

D2 – Visto para Empreendedores – Visto de Residência para Exercício de Atividade profissional Independente e para Imigrantes Empreendedores;

D3 – Visto para Trabalho Altamente Qualificado – Visto de Residência para Atividade de Investigação ou Profissional Altamente Qualificado;

D4 – Visto para Estudo – Visto de Residência para Estudo, Intercâmbio de Estudantes, Estágio Profissional ou Voluntariado;

D5 – Visto para Estudo – Visto de Residência no Âmbito da Mobilidade dos Estudantes do Ensino Superior;

D6 – Reagrupamento Familiar – Visto de Residência para Efeitos de Reagrupamento Familiar;

D7 – Visto para Titulares de Rendimentos ou Aposentados – Visto de Residência para Aposentados e Pessoas com Rendimentos.

Outros tipos de visto de longa duração

Para investidores – Golden Visa

Para Empreendedores – StartUp Visa e Tech Visa.

Para o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) – o órgão responsável pelos pedidos de reagrupamento familiar e autorização de residência; neste, os familiares que podem pedir o reagrupamento são: cônjuge ou companheiro da pessoa que tem autorização de residência; filhos menores do casal ou de um dos cônjuges/companheiros; menores adotados pelo requerente ou pelo cônjuge/companheiro; filhos maiores do casal ou de um dos cônjuges/companheiros, desde que sejam solteiros e estudem em Portugal; pais do residente ou do seu companheiro/cônjuge, se eles estiverem sob sua responsabilidade; irmãos menores, desde que estejam sob tutela do residente.

Atualmente, o valor cobrado pelo SEF para a recepção e análise do pedido de reagrupamento familiar é de 84€ ou R$ 423. Nada impede que a família vá com diferentes vistos, também. Exemplo: pai vai com visto de trabalho, mãe com visto de estudos e os filhos vão como dependentes.

O novo visto para as buscas de emprego estava sendo muito aguardado, e entrou em vigor nesta sexta-feira (26). Conrado explica que esse visto permite que pessoas da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) possam ir para Portugal, por um período de até seis meses, para buscarem empregos.

“Isso reduz muito a burocracia, pois muitas empresas não querem contratar pessoas ainda no Brasil. A tendência é que o número de pedidos desse visto seja muito superior a todos os demais. Há falta de mão de obra em Portugal para muitos setores, principalmente de turismo, restaurantes e hotéis. Precisam de brasileiros urgentemente”, afirma.

Para explicar mais sobre o assunto, o advogado criou o Instagram Portugal Mais Perto, lá ele compartilha dicas e informações para quem tem o desejo de morar no País.

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