‘Em cena, são quatro personagens perversos’, avalia Miguel Falabella
Miguel Falabella é fã dos textos dramatúrgicos do francês Florian Zeller. “Ele tem o tempo de comédia da alta burguesia”, reconhece o ator, diretor e também tradutor da peça A Mentira, que volta em cartaz em São Paulo.
Na história, Alice surpreende o marido de sua melhor amiga com outra mulher, criando, assim, um conflito para si: contar ou não à amiga o que viu? Seu marido, Paulo, tenta convencê-la a esconder a verdade, defendendo assim a mentira. É só para proteger seu amigo? Ou ele também tem algo a esconder?
Autor também de O Pai, cuja versão para o cinema rendeu o Oscar de melhor ator para Anthony Hopkins, Zeller se distingue, no entender do encenador brasileiro, pela habilidade com que valoriza o brilho dos atores. Confira a entrevista com Falabella.
O que mais o atrai no texto de A Mentira?
Trata-se do que se convencionou chamar de boulevard, ou seja, um estilo tipicamente francês de texto de comédia da alta burguesia.
E, por mostrar como a verdade é questionada, o texto se torna ainda mais atual, não?
Com certeza. O que hoje chamamos de fake news aparece com destaque na trama, o que a torna ainda mais bizarra. A peça permite que se faça um brilhante debate sobre o que é a verdade e também como as pessoas aceitam a mentira e a usam em benefício próprio.
Isso caracteriza bem os personagens.
Totalmente. Ao final do espetáculo, temos a impressão de que são quatro perversos, quatro pessoas que demonstram a capacidade de ser perverso.
Nessa montagem, houve uma troca na dupla de atrizes, agora com Danielle Winits e Alessandra Verney. A comédia depende muito do entrosamento, assim, o que mudou?
Elas rejuvenesceram o texto, mantendo a interpretação no fio da corda, sem vacilar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.