Em discurso na ONU, Lula critica investimento em armamentos de guerra

24/set 11:23
Por Sofia Aguiar, Iander Porcella e Caio Spechoto / Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o uso da força sem amparo no direito internacional está se tornando “regra” no mundo e criticou o investimento em armamentos de guerra, recursos que em sua visão poderiam ser voltados para combater a fome e a mudança do clima. O brasileiro cobrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) adote “meios necessários” para enfrentar as mudanças internacionais.

“Andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes. Nem mesmo com a tragédia da covid-19 fomos capazes de nos unir em torno de um tratado sobre pandemia na Organização Mundial da Saúde (OMS). Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional”, disse o presidente, durante abertura do Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, 24, em Nova York (EUA).

Lula afirmou que o mundo vive “momentos de crescentes angústias”, citando a escalada de conflitos bélicos e consequente aumento de gastos na área. “O ano de 2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2,4 trilhões”, comentou.

Em sua visão, tais recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima. “O que se vê é o aumento das capacidades bélicas, o uso da força sem amparo no direito internacional está se tornando regra”, comentou.

Conflitos

Lula citou alguns conflitos que têm potencial de se tornarem generalizados. “Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz”, disse. Segundo ele, está “claro” que nem Ucrânia nem Rússia conseguirão atingir seus objetivos pela via militar.

“Criar condições para retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento”, acrescentou, pedindo a abertura de um processo de diálogo e o fim das “hostilidades”.

O presidente brasileiro também citou os conflitos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e a expansão “perigosa” dos combates ao Líbano. “O que começou com uma ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou-se uma punição coletiva de todo o povo palestino.”

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