Em meio a crise, Prefeitura tem até este mês de agosto para revisar plano de mobilidade

09/ago 17:06
Por Wellington Daniel

Termina em agosto o prazo dado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) para a Prefeitura de Petrópolis iniciar a revisão do plano de mobilidade urbana. O PlanMob é exigido pela União para que a cidade receba repasses federais voltados ao tema e a primeira versão é de 2019.

Atualmente, a cidade enfrenta uma crise na mobilidade. Congestionamentos são comuns em diversos pontos e o transporte público é alvo constante de críticas. A situação do tráfego pesado é um problema principalmente na ligação com os distritos. Segundo a viação Turp, os congestionamentos ao longo da Estrada União e Indústria chega a causar atrasos de até 35 minutos na operação dos coletivos da linha 700.

Na quarta-feira (07), empresários de Itaipava anunciaram o movimento Unita (Unidos por Itaipava). A principal reivindicação é a mobilidade urbana no distrito. Hoje, a região contribui com aproximadamente 30% do PIB municipal e abrange cerca de 20% da população, além de atrair mais de 500 mil visitantes por ano.

“O crescimento acelerado de Itaipava evidenciou problemas críticos em áreas essenciais como saúde, educação e limpeza urbana. O trânsito em Itaipava se tornou um problema diário. A infraestrutura viária não acompanhou o ritmo de crescimento da região, resultando em congestionamentos constantes e dificuldades de acesso”, disse o empresário Alexandre Plantz, um dos idealizadores do Unita.

Quem precisa sair do distrito para trabalhar, também enfrenta o problema do trânsito. É o caso da auxiliar de logística Maria Eduarda Bastos, de 20 anos. Em média, ela diz que leva até 50 minutos de Cascatinha até Itaipava.

“Durante os horários de pico, o trânsito fica insustentável, além da superlotação nos ônibus que chega ser até pior que o trânsito, às vezes. Nem sempre os ônibus param nos pontos por esse motivo”, afirmou.

A última intervenção feita em Itaipava para a melhora do trânsito foi há mais de 20 anos, segundo o movimento Unita. Foi a duplicação de um trecho da União e Indústria em frente à Granja Brasil. Os empresários consideram que uma solução imediata seria o emprego de agentes de trânsito nos pontos com maior fluxo de veículos, a exemplo do Trevo de Bonsucesso.

“Sabemos que existem diversos projetos, mas a urgência em soluções é tão grande, que o melhor projeto é aquele que seja executado”, destacou Alexandre.

Eventos

Eventos que acontecem na cidade, seja no Palácio de Cristal, no Centro, ou no Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes, em Itaipava, também costumam causar um “nó” no trânsito.

Na Bauernfest, a companhia de trânsito (CPTrans) teria contratado agentes de trânsito como microempreendedores individuais (MEIs), sem o devido treinamento. A questão foi alvo de uma convocação na Câmara Municipal, que não foi atendida pelo presidente da CPTrans.

Estudo da Coppe

Em março, a Prefeitura recebeu um estudo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ) com um diagnóstico da situação da mobilidade urbana na cidade. O levantamento custou R$ 875 mil aos cofres públicos, mas, até o momento, nenhuma medida foi adotada em resposta aos apontamentos. O documento também não está disponível no site da CPTrans, como havia sido prometido.

As correções pedidas

Um dos pontos centrais das falhas encontradas pelo TCE no PlanMob é em relação a falta de planejamento, como prognósticos e resultados esperados. Também não havia previsões orçamentárias suficientes para a implementação integral das ações.

As diretrizes do Plano Diretor também não foram contempladas, isso, em relação ao impacto dos desastres naturais. “Neste achado, é destacada a abordagem aos desastres que, frequentemente, constituem problemas públicos complexos para aquela municipalidade”, destacou o conselheiro Marcio Henrique Cruz Pacheco, relator do processo.

O conselheiro destaca ainda que, de 1966 a 1995, foram sete eventos de desastres, com uma média aproximada de um a cada quatro anos. Já de 1996 a 2022, foram 15 eventos, uma média de um a cada dois anos.

“A Unidade de Auditoria constatou postura mais reativa que preventiva daquela municipalidade frente aos desastres e a fragilidade de integração entre os planos, haja vista a ausência de ações de caráter estruturante sem, sequer, constar da previsão orçamentária”, apontou.

A Prefeitura de Petrópolis não respondeu aos contatos da reportagem.

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