Em ‘Meu Querido Zelador’, o retrato da sociedade argentina

09/set 07:02
Por Matheus Mans / Estadão

Eliseo (Guillermo Francella) é um dedicado zelador de um prédio de alto padrão em Buenos Aires. Ele é “praticamente da família” – trabalha ali há mais de 30 anos e conhece todo mundo, ajudando como pode. No entanto, as coisas começam a sair do controle ao descobrir que há um plano para demiti-lo e transformar sua casa em uma área de uso comum no edifício. É aí que ele usa de seu conhecimento para convencer os moradores.

Esse é o ponto de partida de Meu Querido Zelador, série com o selo Star Original e que já está em sua terceira temporada – agora, no Disney+. Nessas três temporadas, Eliseo se transforma: começa como esse zelador ameaçado e, aos poucos, vira alguém com influência não só no prédio, mas até no bairro.

“A nova temporada é desafiadora porque é uma série que tem feito muito sucesso, tornando a evolução mais complexa”, diz ao Estadão Gastón Duprat, criador do projeto ao lado de Mariano Cohn. “A nova temporada é muito engraçada, muito complexa, com muita crítica social, mas também com muita sofisticação na encenação, no aspecto cinematográfico.”

Apesar das transformações, há o cuidado de não perder o fio da meada da produção, que quer, acima de tudo, retratar a sociedade argentina.

Mariano conta que a inspiração para este novo momento de Eliseo surgiu do final da segunda temporada, quando o protagonista quebra a quarta parede e fala diretamente com a câmera, um recurso que, até então, não tinha sido usado.

PROTAGONISTA

“Percebemos que havia toda uma paleta que ainda não havíamos vivenciado, que tem mais a ver com a atuação. Algo mais abstrato, mais artístico”, diz Gastón. “Foi daí que veio a ideia de começar a nova temporada de um jeito inédito, colocando Eliseo em um ambiente de férias.”

Nesse contexto, quem brilha é Francella. Ele, que protagonizou trabalhos como O Clã e, mais recentemente, A Extorsão, pode transitar entre drama e comédia, criando um personagem muito factível.

Os diretores contam que Francella está intrinsecamente ligado à criação do papel. “A gente testa até terminar de delimitar a lógica de pensamento do personagem, como se ele tivesse vida própria. É como uma pessoa real”, conta Mariano. “Colocamos na tela aquilo que vivenciamos e como vivemos nas grandes cidades, seja Buenos Aires ou São Paulo, em que moramos em apartamentos e conhecemos tantos porteiros.”

Haverá uma nova temporada? “Já estamos pensando em como Eliseo continua, com sua ambição sem limites”, diz Gastón. “Tem uma série que vimos quando crianças, Chaves, e para mim Meu Querido Zelador é isso: Chaves com Eliseo. Nunca acaba de verdade. Há sempre boas histórias”, diz Mariano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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