Em Petrópolis, russo de 23 anos conta como viajou por mais de 120 países sem dinheiro

26/03/2017 07:00

Apenas 23 anos e 2/3 do mundo nas costas. O russo Yaroslav Smirnoff começou sua empreitada com 18 anos, a partir de onde morava, em Hong Kong. A viagem que em princípio teria duração de três anos transformou-se em cinco e ganhou um novo objetivo: visitar todos os países antes de voltar para casa. Significa que serão pelo menos mais dois anos de estrada. Isso tudo acrescido de um pequeno grande detalhe: sem dinheiro. O viajante, que está de passagem por Petrópolis, tem esse princípio e intenção: viajar sem dinheiro, pedindo carona e trocando trabalho por comida e hospedagem.

Aos 15 anos, Yasik, como é mais conhecido, saiu da casa dos pais para fazer faculdade de Física. Quando terminou, resolveu mudar-se para Hong Kong e montar sua própria empresa. Ele conta que o negócio de eletrônicos cresceu rapidíssimo e em cerca de oito meses ele havia se tornado um jovem rico, bem-sucedido “com tudo que qualquer pessoa sonha em ter”, conta o viajante. “Mas logo me vi entediado. Eu resolvi então fazer algo que naquele momento parecia impossível e inimaginável para mim”. Yasik colocou o pé na estrada, então, apenas com a roupa do corpo e uma mochila.

Ele diz que já esteve nos cinco continentes e que há cinco anos não toca em dinheiro. Para se manter, ele troca trabalho por comida, casa e transporte – ou por qualquer coisa que esteja precisando. “É sempre uma troca. Eu dou algo que estejam precisando e me dão algo que eu esteja precisando”, disse. Por conta disso, o russo já atravessou o Oceano Atlântico, por exemplo, trabalhando em um navio. Trabalhou como toureiro no México, com construção de casas para pessoas pobres na África, consultor da Coca-Cola em Atlanta, palestrante para estudantes em diversos lugares.

Mas esse estilo de vida já colocou o “ruso loco”, como é conhecido na internet, em “maus lençóis”. Ele já ficou perdido por dois dias, sem comida nem água, no Deserto de Gobi, entre a China e a Mongólia, e entrou em coma por três dias. Outro aperto foi se ver no meio de uma batalha na Síria, ou pegar Malária em Uganda, ficando duas semanas sem remédio. As situações de apuros, no entanto, não o fizeram desistir. 

“Agora não tenho dinheiro, mas tenho liberdade, que é o mais importante. Estou cara a cara com o mundo, sem nenhum intermediário, nem status, nem dinheiro, nada”, disse Yasik. Além da liberdade de ir para onde e quando quiser, o viajante conta que outro benefício dessa jornada são os relacionamentos – reais – que tem construído ao longo do caminho. “Quando você é rico, as pessoas te tratam bem pelo que você tem. Agora as pessoas que estão à minha volta, estão comigo porque gostam de mim, por causa do que eu sou. Eu não tenho nada a oferecer a elas, não tenho um preço. São pessoas reais. Relacionamentos reais”.


> Para contato com o “ruso loco”: Facebook Yaroslav Smirnoff

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