Em ‘Pimpinero’ diretor busca novo western, ‘mas com sotaque latino’

02/dez 08:48
Por Matheus Mans / Estadão

O cineasta colombiano Andrés Baiz estava gravando a série Narcos, no norte da Colômbia, quando levou um susto: uma fila enorme com vários carros do modelo Renault 18 passou na frente do diretor, em alta velocidade. Essa cena – “carregada de adrenalina e muito cinematográfica”, diz ele – foi o bastante para brotar a ideia de Pimpinero: Sangue e Óleo, filme colombiano já disponível no Prime Vídeo.

“Logo me disseram que era a ‘caravana da morte’: contrabandistas de gasolina camicases que não param por nada e que trazem gasolina da Venezuela para a Colômbia”, diz Baiz ao Estadão. “O ofício do contrabandista de gasolina me pareceu fascinante por ser arriscado e perigoso. Então decidi fazer uma investigação mais profunda sobre o tema.”

Como resultado, a trama de Pimpinero segue Juan (Alejandro Speitzer), o mais jovem de três irmãos no mundo do contrabando de gasolina. Forçado a trabalhar para um rival no setor, ele desencadeia uma série de eventos trágicos que ameaçam desestabilizar não apenas sua vida, mas a de todos ao seu redor. Já Diana (Laura Osma), namorada de Juan, inicia uma jornada perigosa em busca da verdade, determinada a desvendar os segredos e as injustiças ocultas por trás do contrabando.

É, assim, uma grande produção colombiana – que a imprensa do país considera uma das maiores ousadias do cinema colombiano. “É um neo-western, um filme de ação, uma história de amor e um thriller de vingança, tudo ao mesmo tempo”, resume Andrés. É difícil assistir ao longa, que fez sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2024, e não pensar em Mad Max. Corridas no deserto, carros que não desaceleram, a vida em função de uma perseguição que parece não ter um final.

Imprevisível

“É um filme imprevisível”, diz Juanes, que vive Moisés, o irmão mais velho de Juan. Para ele – que hoje também é um dos maiores nomes da música na Colômbia -, Pimpinero passa longe de ser apenas um filme sobre contrabando de gasolina. “Ele também aborda outros aspectos das pessoas retratadas. Reflete uma parte da nossa realidade.” É o mesmo ponto que atraiu a jovem atriz Laura Osma, experiente na TV colombiana, mas ainda com poucos créditos no cinema. “Acho um filme extremamente humano, que toca em questões morais, políticas, amor, romance, tristeza”, diz ela, intérprete de Diana.

Quando questionados sobre o maior desafio de Pimpinero, os dois disseram a mesma coisa: o mergulho no cinema de ação. A América Latina, incluindo o Brasil, não tem costume de produzir filmes do gênero – neste ano, talvez apenas o ótimo Bandida: A Número Um tenha se aproximado disso.

“Tivemos de imergir naquele deserto, viver tudo aquilo. Foram muitos dias em que terminávamos com areia até no cabelo, nos ouvidos. Eu tive de aprender a dirigir moto, carro, manusear arma”, diz ele.

Para o diretor Andrés Baiz, a história é uma boa oportunidade de desenvolver mais o gênero, mas com um sotaque latino. “Para fazer um bom cinema de ação, é necessário ter uma equipe talentosa e um orçamento que permita fazer as coisas bem”, diz. “Espero que Pimpinero ajude a consolidar esse tipo de cinema, robusto e vigoroso. O importante é não cair na imitação de Hollywood; precisamos encontrar nossa linguagem, nossa identidade no gênero. É um filme ambicioso, com grandes sequências de ação, mas que é muito nosso, muito latino, e me orgulho disso.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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