Em três anos, cidade perdeu 5 mil empregos
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostrou que em três anos, entre 2015 e 2017, Petrópolis perdeu 5 mil postos de trabalho. Só em 2017 foram extintas 1.676 vagas, número que colocou a cidade na 7ª colocação no ranking dos municípios com maior saldo negativo na geração de empregos. Apenas o setor da Construção fechou mais de 700 postos de trabalho. Os dados foram apresentados ontem em uma palestra on-line sobre a economia do estado do Rio. Na primeira transmissão ao vivo, especialistas da Federação analisaram dados exclusivos sobre o município de Petrópolis, além dos cenários econômicos internacional, do Brasil e do Estado do Rio.
A pesquisa Retratos Regionais – Cenário Econômico também mostra que, diante da fraca atividade econômica na região no ano passado, os empresários reduziram a compra de insumos para a produção, o que resultou em queda de 70% das importações, na comparação entre 2016 e 2017. Ainda de acordo com o estudo, em dezembro, as empresas de Petrópolis produziram menos do que pretendiam e as indústrias atenderam às demandas com os produtos em estoque. Segundo a Firjan, a indústria do município continuou operando abaixo da média, com 57% da capacidade instalada, o que justifica a queda no número de empregados. Apesar do cenário ruim na economia da cidade, os especialistas revelaram que o segundo semestre de 2017 tem sinais claros de reação, o que deixou os empresários otimistas em relação a 2018.
“As pessoas passaram a buscar oportunidade empreendendo. O número de microempreendedores cresceu 14% e o registro de empresas cadastradas no ano passado no Simples Nacional aumentou 9% em relação a 2016”, salientou o coordenador de estudos econômicos da Firjan, William Figueiredo.
Sobre Petrópolis
Com quase 300 mil habitantes, e um PIB estimado em mais de R$ 11 bilhões em 2015, Petrópolis se destaca pelo número de micro e pequenas. Com isso, a participação da região no total do estado em número de estabelecimentos (2,6%) é superior à representatividade em termos de empregados (1,7%), o que reflete na arrecadação (apenas 1% do total do Estado, em ICMS e ISS). A área do município (796 Km²) impõe limitações para a construção de distritos industriais e expansão da atividade produtiva devido à geografia montanhosa da região.
Crise econômica gera reflexos na atividade industrial
A pesquisa mostra que os empresários entrevistados continuam insatisfeitos com as condições financeiras de suas indústrias. O impacto é percebido diretamente na falta de caixa, diante das baixas margens de lucro e da dificuldade de acesso a crédito. “Vale destacar que em um cenário de recuperação econômica, a primeira coisa que sinaliza que o empresário vai retomar investimentos é a melhora da situação financeira, depois a produção aumenta e, por último, há um impacto positivo no mercado de trabalho”, detalha o coordenador de estudos econômicos da Federação das Indústrias, William Figueiredo.
Apesar de 2016 e 2017 terem sido anos difíceis para atividade econômica em Petrópolis, os empresários industriais começaram 2018 com otimismo. A expectativa dos industriais é de aumento da demanda por produtos e, consequente, aumento da compra de matéria prima. Os empresários também demostraram confiança em relação ao setor externo, uma vez que 2018 vai ser um ano positivo para as exportações.
“Na expectativa do empresário, o pior já passou, assim como no estado do Rio e no Brasil”, disse Jonathas Goulart, coordenador de estudos econômicos da Firjan.
“O empresário da região tem um diferencial que é a expectativa para as exportações, principalmente, dos setores de vestuário e têxtil, aeronáutica e alimentos. Contudo, a lenta retomada da atividade econômica do estado inibe contratações e investimentos” complementou William Figueiredo.
Ambiente de negócios é fator chave para o desenvolvimento do município
Ao observar o ambiente de negócios e como Petrópolis está estruturada para receber novos investimentos, é importante olhar, entre outros fatores, para a segurança, energia e telecomunicações. Sem dúvida, em todo o estado do Rio a segurança pública é um desafio. Na região, o roubo de cargas aumentou mais de 60% no ano passado, gerando um prejuízo de R$1,5 milhão. Além disso, os homicídios também registraram aumento na região (+26% em 2017, frente ao ano anterior).
Em 2017, a qualidade de energia em Petrópolis registrou o segundo maior número de horas sem energia no estado (26, 7h), atrás apenas do Norte Fluminense. O mesmo vale para a qualidade da banda larga em 2016, onde a região registrou a quarta pior do estado.
Nesse cenário, os esforços para aprimorar essas questões são fundamentais, uma vez que o aumento de investimentos tem a capacidade de gerar emprego e renda na cidade.
O ciclo de palestras terá 10 encontros ao todo, abrangendo todas as regiões fluminenses. Na terça-feira, 6, foram divulgados dados sobre as regiões Serrana e Centro-Norte. Na quarta-feira, 7, o assunto foi voltado para a Baixada Fluminense. Também na quinta-feira, 8, serão divulgados dados sobre o Centro-Sul. E na sexta-feira, 9, será vez das regiões Norte e Noroeste. A programação completa com as datas dos encontros pode ser acessado no site http://www.firjan.com. br/eventos/retratos-regionaiscenario-economico.htm .
As palestras têm uma hora de duração e serão transmitidas através do Youtube Live, onde os participantes assistirão em seus computadores pessoais, em casa ou no trabalho, e poderão interagir com os especialistas. O link de acesso à palestra é https://www.youtube.com/sistemaFirjan.