Empatia na educação digital – Durante e depois da quarentena
A empatia na educação é algo que deve ser considerado em todos os sentidos, em todos os momentos, sejam de crise ou não. Aprender e estar envolvido no processo de desenvolvimento é algo que requer além de esforço, carinho e cuidado. O educador, em uma sala de aula presencial consegue estar diante dos alunos e captar seus interesses, dúvidas, questões, algo que não se torna tão simples na educação digital; infelizmente, pois acredito ser o momento em que muitos professores gostariam de ajudar seus alunos a superar. Penso ser esse período de quarentena algo extremamente difícil para todos, especialmente para crianças e adolescentes, que ainda estão aprendendo a lidar com os sentimentos de frustração, descontentamento e solidão, e nem sempre possuem o apoio familiar necessário para passar por momentos de crise. Abordamos em outro artigo alternativas para que a quarentena seja mais leve e fluida para eles, como cultivar o hábito de rotina.
A escola, como sempre digo, está além do conteúdo curricular. Faz parte do desenvolvimento social e de fato, faz muita falta na rotina dos estudantes, porém, a educação digital neste momento em específico, não é uma escolha, mas sim, a alternativa viável para manter a educação ativa. Os caminhos são novos e muitos estão sendo criados às pressas, no entanto, precisamos pensar para além da necessidade em aprender, que é a necessidade em cultivar na sociedade crianças e adolescentes mentalmente saudáveis.
Não é de minha competência abordar neste artigo as consequências psicológicas do isolamento para crianças e adolescentes, mas opinar sobre o que pode ser feito diante da educação digital. Conhecer a realidade e o sentimento daqueles que nos cercam, possibilita condições de ajuda mutua, extremamente importante neste momento. Por isso, em tempos de quarentena estimular o aluno a ter contato com a turma pode ser a forma mais viável de socialização que ele terá. É importante que da parte da escola, se atente para realidade de cada estudante, afim de que nenhum seja prejudicado pelo processo digital, mas também no sentido de incentivo, afinal, alguns precisarão mais que os outros, o que é normal. Sentir-se estimulado a estudar em casa, dependendo do contexto no qual o aluno está inserido, pode ser um desafio que requer apoio. Separar alguns minutos das aulas on-line para falar sobre como estão se sentindo, pode ser importante para adolescentes, por exemplo.
Durante o processo, novas estratégias de ensino estarão sendo desenvolvidas; algumas escolas chegarão à conclusão que as ações precisam ser alinhadas, outras vão chegar à conclusão que elas devam estar adequadas, mas é importante que todo o sistema esteja olhando com carinho e empatia para o aluno como indivíduo e não como um número. Ao final desta pandemia, que todos tenhamos a sensação de termos saído mais amadurecidos, pois, certamente, não vamos mais olhar para o mundo da mesma forma, nem mesmo para o formato educacional que arrastamos durante anos.
* Maria Angela Gomes é professora de História, mestranda em História Social e atua na área de educação há 04 anos como professora, além de reforço escolar e educação multidisciplinar.