Empreendedores recorrem ao microcrédito para sair do sufoco pós-pandemia e tragédias

22/09/2022 08:30
Por Helen Salgado

Afetados pelas duas tragédias que aconteceram em Petrópolis neste ano, Bruna Dias Freitas e José Augusto Dias Silva, sócios de uma das franquias do Inverno D’Itália conseguiram manter vivo o sonho de possuir uma cafeteria no Centro de Petrópolis. E ainda melhor, através do microcrédito da Agência Estadual de Fomento (AgeRio), o casal conseguiu abrir uma nova loja.

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Com muita dedicação e vontade de fazer dar certo, Bruna e José reabriram a cafeteria na Avenida Ipiranga em um lugar menor do que estavam antes, na Rua do Imperador. Agora, o casal está inaugurando uma nova loja em um dos pontos turísticos mais famosos de Petrópolis, a Catedral São Pedro de Alcântara. Em entrevista à Tribuna, Bruna afirmou que houve estímulo da AgeRio na conquista do novo espaço.

“Se não fosse a AgeRio não conseguiríamos abrir na Catedral. Aí sim houve estímulo deles. O microcrédito é muito importante porque gera para a gente capital de giro, possibilidade de expansão, dá um pouco de segurança e fôlego para a gente esperar um pouco e começar a pagar. Então, certamente, ajudou quem recebeu sim”, afirma.

A linha de crédito foi solicitada pela empreendedora no dia 17 de fevereiro, dois dias após a primeira tragédia no município. Somente em maio os sócios tiveram o dinheiro depositado na conta do banco. Bruna conta que, para reabrir a loja na Avenida Ipiranga, não foi possível contar com a linha de crédito da AgeRio.

“Eu tenho certeza de que esse crédito ajudou muito os pequenos empresários a se levantarem, para dar um fôlego para gente. Essa questão da tragédia impactou muito a quantidade de turistas, as pessoas ficavam com medo. O fato do tempo fechar já cria um trauma na cabeça das pessoas, inclusive da nossa”, conclui Bruna.

Linhas de crédito oferecidas aos empreendedores petropolitanos

O coordenador de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Rio, Marcos Mendes, explica por que houve esse aumento considerável na solicitação de microcrédito para empresários nos últimos anos.

“As linhas de microcrédito perpassam por condições de financiamento menos onerosas, mais benéficas ao microempresário com prazos e taxas atraentes. Estamos percebendo um número crescente de novos empreendedores formais em nosso País, gerando emprego e renda por meio do empreendedorismo. E que buscam no crédito, de forma consciente, uma alternativa salutar para investimento em seus negócios, melhorar seu fluxo de caixa, honrar com as suas obrigações de curto prazo e até mesmo trocando dívidas mais custosas para empréstimos mais realistas de acordo com a sua capacidade de pagamento”, afirma.

Uma dessas linhas de microcrédito é a AgeRio, que oferece linhas de créditos voltadas para microempreendedores e autônomos dos 92 municípios fluminenses. Em Petrópolis, durante o ano de 2020, foram concedidos 28 contratos (clientes) somando um total de R$ 174.450,00 em recursos.

Já em 2021, o número de contratos saltou para 188 clientes, um total de R$ 891.980,00 em recursos. Neste ano, em razão das duas tragédias, o Governo do Estado liberou R$ 207 milhões a juro zero para MEIs, autônomos, micro, pequenas e médias empresas. 2.090 clientes fecharam contratos, juntos solicitaram R$ 16.034.287,20 em recursos.

O coordenador diz que esse aumento também se deu devido aos novos programas e facilidades no acesso ao microcrédito. Como exemplo, estão programas governamentais como o Sim Digital, Programas para mulheres empreendedoras, Pronampe, e o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI-Peac) do BNDES que visam a aceleração da retomada econômica e a ampliação de negócios com uma facilitação na concessão do crédito, com a liberação de documentação que antes eram exigidas e a possibilidade de crédito para até negativados como é o caso do Sim Digital. Dessa forma, a demanda de crédito com mais opções, principalmente para o universo dos pequenos negócios, vem aquecendo.

“De toda forma, recomendamos ao empreendedor que analise suas finanças, dado ao aumento contínuo e generalizado dos preços, o nível de endividamento tanto empresarial quanto da família e observar as condições ofertadas pelas instituições em razão do aumento da taxa básica de juros”, ressalta o coordenador.   

Além da pandemia, os empreendedores petropolitanos tiveram mais uma dificuldade: as duas tragédias que atingiram a cidade neste ano. Foi preciso muita persistência para continuar com lojas de portas abertas. Marcos afirma que as linhas de financiamento subvencionadas foram de extrema importância para os microempresários que sofreram com as chuvas e tiveram suas atividades suspensas ou até mesmo encerradas.

“A retomada das atividades do município se dá por meio do empreendedorismo que vai gerar emprego e renda para as famílias. Dada a questão em especial do município, instituições financeiras, cooperativa de crédito e agência de fomento desenvolveram linhas específicas com condições especiais em seus produtos e serviços (valor do empréstimo, taxa de juros, carência e prazo) para que os empresários pudessem ter acesso e reconstruir os seus empreendimentos de forma digna”, diz.

Além disso, o coordenador afirma que as micro e pequenas empresas mostraram que, na medida em que recebem o suporte de políticas públicas eficientes, são capazes de responder imediatamente com a geração de novos empregos, aumento da geração de renda e arrecadação de tributos.  

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