Empresas buscam profissionais de nível técnico

28/08/2017 10:55

Entrar no mercado de trabalho pode ser um grande desafio para muitas pessoas. Os motivos não são muitos: as vezes faltam vagas e, quando há vagas, o trabalhador não em a qualificação exigida. Uma pesquisa realizada pelo ManpowerGroup, revelou que 43% dos recrutadores das empresas brasileiras encontram dificuldades em preencher determinadas vagas. No topo desta lista, das qualificações mais procuradas, estão os profissionais técnicos, que são aqueles que atuam nas áreas de produção, operações ou manutenção. De olho nessas oportunidades de trabalho, muitas pessoas estão voltando às salas de aula em busca de capacitação, e até mesmo um novo rumo profissional.

É o caso do Luiz Philipe Moebus, de 28 anos. O jovem é programador e operador de máquina CNC (Controle Numérico Computadorizado) há 10 anos, quando fez um curso de aprendizagem no Senai. Durante o curso, Luiz fez estágio em uma indústria da cidade, e, ao final do estágio foi efetivado. Mas, depois desses anos, ele sentiu a necessidade de se aprofundar mais na profissão com a expectativa de conseguir uma melhor colocação no mercado. “Eu sempre gostei da área e, agora, voltei ao Senai para aprender coisas novas, para aprender a parte mecânica mais detalhada. O curso técnico cria um leque de opções. Posso ter crescimento profissional dentro da indústria em que trabalho, como também posso ir atrás de outras coisas no mercado”, contou.

Este é um dos perfis de pessoas que buscam profissionalização nos cursos técnicos: alguém que já trabalha na área, mas que de dentro do mercado sente a necessidade de se especializar, em busca de promoções, aumento salarial, e até mesmo a permanência no emprego. Por causa da crise, muitas indústrias, para não fecharem as portas, têm reduzido o número de funcionários. E ter uma formação, pode ser uma vantagem nessa hora.

Como muitas vezes as empresas não conseguem mão de obra qualificada fora, começam a investir em quem já está na empresa. Oferecem cursos de capacitação, treinamentos, e incentivam a profissionalização de seus funcionários. O instrutor do curso Técnico em Mecânica do Senai – Petrópolis, Francisco Meira, diz que muitas empresas fazem parcerias com a unidade, a fim de oferecer qualificação para seus empregados. “As empresas oferecem treinamentos dentro e fora das sedes, as vezes os funcionários vêm até o Senai fazer cursos. 

 Ou, então, nossos instrutores vão até as indústrias”. Francisco explica que além das empresas, os alunos também buscam criar um perfil que se adeque ao mercado. “Nós incentivamos os alunos no conteúdo das aulas, fazemos quase um coaching”, brincou. E esse incentivo pode ser o impulso necessário para quem está buscando um novo rumo profissional.

O pedreiro Luiz Carlos de Mello Reis, de 30 anos, decidiu começar um curso técnico em elétrica para dar uma nova direção para a vida profissional. Ele trabalha na construção civil, e viu na eletrotécnica uma porta para buscar uma melhor colocação no mercado de trabalho. “Eu sempre tive curiosidade com a parte elétrica, por isso, vim buscar na prática, me aprimorar para entrar no mercado de trabalho. Busquei um curso que me desse base para começar a trabalhar”, disse.

Diferente de uma graduação, em que o tempo médio é de quatro ou cinco anos de duração, os cursos técnicos têm em média dois anos. Com a vantagem de serem voltados para quem quer entrar com mais rapidez ao mercado de trabalho, em profissões que oferecem boa remuneração e podem ter carreiras promissoras. Nos cursos técnicos os alunos veem a chance de experimentar a vivência real do dia a dia das indústrias. Luiz Carlos que não tinha experiência na área elétrica, está se dando muito bem. Ele participou da Olimpíada de ensino do Senai, que foi realizada na unidade Petrópolis, conquistando o primeiro lugar. Agora se prepara para a etapa estadual que acontecerá nesta semana, no Rio de Janeiro. O jovem acredita que, se destacando nessas competições da instituição, poderá acrescentar um diferencial no seu currículo.



O que as empresas querem dos profissionais

Confirmando o levantamento feito pela ManpowerGroup, uma das principais indústrias da cidade relata a dificuldade em encontrar profissionais que supram a necessidade de mão de obra da empresa. As analistas de Recursos Humanos do Grupo Petrópolis, Luciane Quintella e Fernanda Carlos conversaram com a Tribuna e listaram quais os cargos mais difíceis de serem preenchidos. 

O número um da lista, são os profissionais da área técnica, como eletricistas, mecânicos, técnicos em química, em automação e operadores de utilidades (caldeira, vasos de pressão, CO2, refrigeração industrial) e outros. A dificuldade maior, segundo as analistas, é principalmente pela necessidade da junção da formação técnica e conhecimentos mais específicos que sejam aplicados ao ramo da empresa. 

Por causa da dificuldade para conseguir mão de obra qualificada, o Grupo Petrópolis, assim como outras indústrias da cidade, adotou a estratégia de incentivo de especialização dos próprios funcionários. Eles oferecem uma ajuda de custo para aqueles que desejam realizar cursos técnicos, graduação e pós-graduação, dentro das suas áreas de atuação. Além dos cursos específicos, oferecidos para algumas áreas da empresa.

Mas, fazer um curso técnico não é garantia de emprego. Para conseguir uma vaga no mercado de trabalho, o candidato precisa principalmente do empenho e se desenvolver bem na área. Luciane e Fernanda explicaram que por causa da parceria, com os cursos podem acontecer contratações, mas que o aproveitamento dos profissionais existe a medida das vagas disponíveis na empresa.


42 mil empresas consultadas

A Pesquisa de 2016 sobre Escassez de Talentos realizada pelo ManpowerGroup inclui respostas fornecidas por quase 42 mil empregadores da Europa, Oriente Médio, África, Ásia e Américas. Mais de 14.000 gerentes de RH na Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México, Panamá, Peru e Estados Unidos responderam a pesquisa.



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