Empresas de ônibus citadas em relatório do TCE acumulam denúncias de má prestação de serviços

13/07/2021 14:29
Por Janaina do Carmo

Duas das três empresas de ônibus citadas no relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que determinou que a Prefeitura de Petrópolis realizasse nova licitação para o transporte público, acumulam denúncias de má prestação de serviços. As viações Petro Ita e Cascatinha são campeãs quando o assunto é atraso nas viagens e ônibus quebrados.

“Com frequência chego atrasada ao trabalho por causa do ônibus, que por algum motivo, não está no horário. Algumas vezes ele também quebra quando estou indo para casa, à noite, e tenho que subir toda a rua a pé. E também é comum quebrar quando está saindo do bairro. Aí temos que ficar um bom tempo esperando por outro”, contou a estudante Yasmim de Lima Grijó, de 21 anos.

Ela é moradora do Boa Vista e utiliza o ônibus da Viação Cascatinha diariamente. “Quando o ônibus atrasa de manhã fica o dia todo com o horário desorganizado”, comentou a estudante. Na última semana, os usuários da Viação Cascatinha ficaram sem ônibus quatro vezes por causa de acidentes e outras 203 partidas não foram realizadas porque os coletivos quebraram.

A jornalista Elaine Vieira também usa os ônibus da empresa. Moradora da Estrada da Saudade, ela conta que os atrasos são frequentes na região onde vive, e que depois da pandemia da covid-19, quando algumas linhas e horários foram suprimidos, a situação piorou. “Antes da pandemia tínhamos ônibus de 15 em 15 minutos. Hoje ficamos esperando por 45 minutos pelo transporte”, disse.

De acordo com o relatório do Tribunal de Contas do Estado, a Viação Cascatinha opera no sistema do transporte coletivo na cidade sem que tenha ocorrido uma licitação, o que é ilegal. Por esse motivo, o TCE determinou que a Prefeitura de Petrópolis inicie em 90 dias o processo licitatório. A licitação deve estar concluída, com o contrato com a empresa vencedora, até o segundo semestre de 2022.

Procurado pela Tribuna, o Setranspetro informou que as empresas de ônibus contam com um total de 265 profissionais contratados para o setor de manutenção, com equipes que trabalham 24 horas por dia, de segunda a domingo, realizando serviços de revisão, correção e manutenção preventiva, garantindo a segurança e o conforto dos colaboradores e passageiros.

De acordo com dados disponíveis para consulta, emitidos pelo Sistema de Monitoramento via GPS nos ônibus, verificado em tempo real pela CPTrans, em todo o mês de junho, a Petro Ita cumpriu 98,03% das viagens previstas no mês de junho, perdendo deste total apenas 1,78% por problema com veículo. E, por fim, a Cascatinha totalizou o cumprimento de 97,31% das partidas previstas, com 2,24% perdidas por problema com veículo, sendo as demais ocasionadas por questões relacionadas ao trânsito e estacionamento irregular.

Sobre a renovação da frota, as empresas disseram que, entre o final de 2019 e início de 2020, pouco antes do início da pandemia, adquiriram 43 ônibus novos, zero quilômetro. Entretanto, mesmo com os veículos recém-adquiridos, os problemas relacionados à mobilidade urbana e também às possíveis falhas mecânicas são inevitáveis, principalmente, em razão da falta de estrutura e qualidade viária em diversas regiões da cidade, com ruas esburacadas, excesso de quebra-molas, além de curvas acentuadas, que dificultam uma operação mais eficiente.

o Setranspetro pede que, para qualquer assunto relacionado à circulação dos ônibus, os passageiros entrem em contato diretamente através dos canais disponíveis de cada empresa de ônibus ou pelo Facebook do Setranspetro, para que o problema seja resolvido. Para isso, são primordiais detalhes pontuais como dia, horário, local, número da linha de ônibus e, de preferência, número de série do veículo.

O Setranspetro disse, ainda, que a Viação Cascatinha opera dentro do sistema de forma legal e legítima. A Prefeitura informou em nota, que já iniciou a elaboração do termo que dará origem ao edital.

O relatório do TCE também determina que a Prefeitura não prorrogue o contrato com as empresas Petro Ita e Cidade das Hortênsias e que antes do término contratual, que ocorre em 2025, realize licitações para as linhas que pertencem a essas viações. O contrato com essas empresas foi prorrogado em 2015 por um período de 10 anos. Tanto a Petro Ita quanto a Cidade das Hortênsias operam no sistema desde a década de 90.

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