Empresas de ônibus de Petrópolis alegam prejuízo superior a R$ 36 milhões em função da pandemia
O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Sentranspetro) divulgou que entre os meses de março e outubro, período da pandemia de covid-19, as empresas acumularam um prejuízo superior a R$36 milhões. Diante do cenário e sem perspectivas de melhora no faturamento, as operadoras temem “um colapso no sistema”.
Logo no início da crise do novo coronavírus, entre os meses de março e abril, as empresas chegaram a transportar apenas 25% dos passageiros pagantes. Desde então, essa recuperação acontece gradualmente, sendo registrado, em novembro, pouco mais que 65% dos clientes, tendo como base a quantidade que era transportada antes da circulação do vírus. Essa situação fez com que as empresas atingissem um patamar incalculável de crise, com impostos atrasados, renegociação de débitos e dívidas, além do esgotamento de possibilidades de empréstimos.
Com queda na demanda de passageiros pagantes, os prejuízos deixam cada vez mais evidente a crise no setor. Em Petrópolis, a garantia do pagamento da primeira parcela do 13° salário aos rodoviários aconteceu porque as empresas ainda conseguiram empréstimos a juros com instituições financeiras.
“O sistema de transporte pode entrar em colapso nos próximos dias em Petrópolis, conforme laudos técnicos comprovados pelo município, amplamente discutidos com o Ministério Público e apresentados ao judiciário. Sabemos que a crise afeta todos os seguimentos econômicos. Mas, o transporte além de ser um fomentador da economia, garante o direito de ir e vir de grande parte da população, sendo considerado um serviço essencial, de acordo com a constituição. Nenhuma empresa do mundo consegue achar estratégia para manter um custo diário tão alto sem arrecadação, e o próprio Ministério da Economia reconhece que o segmento do transporte foi o segundo mais afetado pela crise”, pontuou Isidro Rocha, presidente do Setranspetro.
Mesmo com pouco mais que a metade da demanda de pagantes, as empresas de ônibus seguem operando com frota superior. A média de oferta de todo o sistema chega a 75%. Entretanto, há linhas que já estão operando há meses com oferta entre 80% e até 100%. Além da ajuda emergencial, é necessária a adoção de uma série de ações que possam melhorar a mobilidade urbana, que possa garantir que os ônibus fiquem menos tempo parados nos engarrafamentos provocados por obras em horário comercial, estacionamento irregular, excesso de veículos, fortalecimento no combate ao transporte clandestino, entre outros fatores que prejudicam a fluidez no trânsito.
“Estamos unindo todos os nossos esforços, mas necessitamos minimamente restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro do sistema para ‘sairmos vivos’ dessa crise. Precisamos definitivamente encontrar alternativas que não encareçam o preço para quem paga a passagem de ônibus. Todos precisam entender que o transporte público é imprescindível para a cidade e precisa de outras fontes de receita, que não seja apenas o passageiro que paga a tarifa”, concluiu Isidro.
O Setranspetro informou que desde o início da pandemia, protocolou uma série de pedidos de ajuda ao município e também apresentou a situação à Câmara Municipal, demonstrando a preocupação com a continuidade dos serviços. O documento, além do pedido de ajuda financeira, expõe algumas propostas para a diminuição do custo imediato do sistema e melhorias da mobilidade urbana, que contribua com a fluidez no trânsito, fazendo com que os ônibus cumpram os horários.
Em nota à Tribuna a CPTrans informou que “realiza todos os esforços para que a situação seja equacionada de forma que atenda, impreterivelmente e de forma satisfatória, os usuários do sistema de transporte”.
A Tribuna também entou em contato com a Câmara de Vereadores e aguarda um posicionamento.