Empresas de TI investem na formação de profissionais para atender demanda crescente do mercado

14/10/2019 10:44

A previsão de crescimento do mercado de Tecnologia de Informação (TI) no país nos próximos anos vem impondo a empresários da área um desafio: encontrar profissionais qualificados no mercado. As dificuldades na hora de contratar são tão grandes que, em Petrópolis, um grupo abandonou a inércia e começou a trabalhar duro para garantir mão de obra qualificada nesta área. E parece que a aposta é certeira: além de encontrar muita gente em busca desta capacitação, empresas já estão de olho nas aulas, oferecidas por meio de parceria entre a Firjan e Sindicato da Indústria Eletrônica, de Informática, de Telecomunicações, de Produção de Software, de Produção de Hardware, de Produção de Produtos Eletrônicos e Componentes do Estado do Rio (Sinditec).

Entre as ações em andamento está a do Serratec que, em resposta às exigências do emergente mercado na área de TI, vai concluir em novembro o primeiro curso voltado para a formação de novos desenvolvedores e programadores. Iniciado em março, jovens que terminaram o ensino médio passam por aulas em uma entidade, no Quitandinha, onde provavelmente boa parte destes alunos permanecerão após as aulas, contratados por empresas instaladas na região. A tendência é que comece uma nova era no mercado de trabalho local.

No planejamento do Serratec, a conclusão do primeiro curso de imersão proporcionará o ingresso imediato de 70 novos profissionais no mercado de trabalho de Petrópolis. Esses números, no entanto, podem dobrar a partir de 2020, quando a instituição não apenas dará continuidade ao curso para formação de novos profissionais, como também pretende dobrar a disponibilidade. Para 2021, espera-se mais 140 formados nas aulas ministradas por professores antenados com o que há de mais moderno na indústria tecnológica e mercado de trabalho.

Teresópolis e Nova Friburgo vão caminhar no mesmo sentido. No ano que vem, este curso chegará as duas cidades e, tudo indica, vai aumentar o número de novos trabalhadores na automação.

Empresários já esperam

Os empresários que hoje investem na Região Serrana estão preparados para acolher os profissionais da área de TI. A T2M, que recentemente ganhou um contrato de quatro anos com a Petrobras para qualificar o uso dos softwares da petrolífera, é uma das mais otimistas com o crescimento dos projetos desenvolvidos pelo Serratec e tem planos para contratar trabalhadores. Para o sócio da empresa, Guilherme da Motta Alves, o caminho da educação traçado certamente vai gerar frutos positivos já de imediato. 

“A T2M apoia e acredita bastante no projeto de Residência de Software, tanto que ´adotou´ 24 dos 72 alunos desse primeiro ciclo de formação. É fundamental para as empresas contratar profissionais que conheçam as principais tecnologias de desenvolvimento de software, e a residência trará esse diferencial para a região. Estamos muito otimistas em relação ao futuro, muitas oportunidades estão surgindo e contar com mão de obra qualificada é super importante. A T2M já tem inclusive, em parceria com uma seguradora do Rio de Janeiro, a garantia de contratação de vários profissionais”, disparou Guilherme.

O especialista em Recursos Humanos, George Paiva. Divulgação

Os benefícios da empregabilidade, no entanto, vão além de atender a uma demanda crescente nas corporações. O especialista em Recursos Humanos, George Paiva, explica que o curso de qualificação profissional tocado pelo Serratec oferece oportunidades para quem deseja ingressar no mercado da TI, uma oferta que gera renda e oportunidades de crescimento financeiro. Com isso, o município só tem a ganhar. Outro aspecto destacado é a economia. Para George, o que ocorre hoje no Serratec impactará os cursos técnicos e universitários em relação a preparação de profissionais do amanhã.

“Quanto mais potencial formador, maior e melhor o impacto no desenvolvimento da cidade, com consequências nas instituições de ensino que preparam trabalhadores para atuar na TI”, disse ele. 

Na linha da educação, outra pesquisa trouxe um dado alarmante. De acordo com um levantamento recente divulgado pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), 69% dos universitários nas áreas de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) não se formam. O dado preocupa, já que a expectativa é de que o setor de Software e Serviços dobre em seis anos no Brasil. Com isso, demandará 70 mil novos profissionais por ano até 2024, conforme o levantamento. Hoje, no entanto, são formados apenas 46 mil pessoas com perfil tecnológico, anualmente. Sem mudanças, haverá déficit de 260 mil profissionais no período.

Pesquisa aponta impacto psicológico da tecnologia no trabalhador 

A automação e o uso de novas tecnologias vão impactar ainda mais na vida do cidadão no futuro. O surgimento de novos empregos e a consequente eliminação de muitos outros vai gerar mudanças no país nos próximos anos, de acordo com especialistas na área de recursos humanos. Inevitavelmente surge a pergunta: como se preparar para tudo isso? É justamente a política adotada pelo Serratec, em consonância com os empresários do setor, em garantir que não apenas a Cidade Imperial como a Região Serrana como um todo estejam preparados para os novos tempos.

Segundo o presidente do Serratec, Marcelo Carius, a Região Serrana poderá receber novas indústrias da área da tecnologia nos próximos anos, desde que esteja preparada para desenvolver seus produtos. Em primeiro lugar, de acordo com o também empresário, será necessária a preparação de profissionais que atendam a crescente demanda na área da TI. “Uma empresa precisa encontrar mão de obra no local onde se instala para não ter que importar de outras regiões os trabalhadores que atendam seus requisitos. É fato, também, que a área da tecnologia vem empregando cada vez mais nos últimos anos e a tendência será aumentar, à medida que novidades surjam nessa área”, observou.

Por outro lado, uma recente pesquisa feita por uma grande empresa multinacional de TI revela um dado preocupante: as pessoas com menos oportunidades de aprender novas habilidades digitais e com menores níveis de escolaridade têm mais medo do impacto da automação em seus empregos. Esses dados fazem parte de nova pesquisa da PwC, realizada entre 22 mil pessoas em 11 países, baseando-se na análise da firma sobre o impacto da automação nos empregos. 

Enquanto 53% dos trabalhadores entrevistados acreditam que a automação mudará ou tornará seu trabalho obsoleto nos próximos dez anos (apenas 28% consideram isso improvável), a maioria (61%) enxerga o impacto da tecnologia no seu dia a dia de maneira positiva e 77% das pessoas se mostraram dispostas a aprender novas habilidades ou passar por uma reciclagem completa no intuito de melhorar sua empregabilidade.

Últimas