Enquanto aguarda decisão do júri, Trump se compara a Madre Teresa de Calcutá

29/maio 21:14
Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

Depois de dizer que é perseguido como Jesus Cristo, o ex-presidente Donald Trump se comparou nesta quarta-feira, 29, à Madre Teresa de Calcutá. Logo após os jurados iniciarem o primeiro dia de deliberação no processo criminal contra ele – algo inédito para um presidente americano – ele se comparou à santa. “Madre Teresa não daria conta de vencer essas acusações. São acusações falsas. A coisa toda é falsa”, disse.

Depois de semanas de testemunhos espalhafatosos descrevendo sexo, acordos com tabloides e alegações de uma conspiração que se estendeu até o Salão Oval da Casa Branca, um grupo de 12 nova-iorquinos deve decidir agora se condenará Trump. Nesta quarta, os jurados deliberaram por mais de quatro horas e foram dispensados após solicitarem partes do depoimento de duas testemunhas.

O processo criminal – um dos quatro contra Trump, e provavelmente o único que será julgado antes da eleição de novembro – expôs o que os promotores do gabinete do procurador distrital de Manhattan descreveram como uma fraude ao povo americano e uma subversão da democracia.

Trump é alvo de 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais em conexão em conexão com um pagamento secreto de US$ 130 mil a uma ex-atriz pornô, Stormy Daniels, na véspera da eleição de 2016.

Seu antigo advogado e faz-tudo, Michael Cohen, fez o pagamento e foi reembolsado por Trump, que ocultou a natureza do reembolso, segundo os promotores. Se condenado, Trump pode enfrentar uma pena que varia de liberdade condicional a 4 anos de prisão, incluindo serviços comunitários.

Pode levar dias até que se chegue a um veredicto. Se o júri não conseguir chegar a uma conclusão unânime, mesmo após novas solicitações do juiz, o caso poderá terminar em anulação do julgamento.

Após algumas horas de deliberação, nesta quarta o painel enviou duas notas solicitando informações adicionais. Depois, os jurados pediram para ouvir certas seções do depoimento de Cohen e do editor de tabloide David Pecker.

O depoimento solicitado, que incluía o de uma importante reunião na Trump Tower, em agosto de 2015, estava relacionado ao que os promotores dizem ter sido uma conspiração entre Trump, Cohen e Pecker para aumentar as chances do então candidato de vencer as eleições de 2016, incluindo a compra de histórias negativas para ocultá-las.

Depois, os jurados pediram para ouvir novamente as instruções legais que o juiz havia lido no início do dia. O juiz Juan Merchan então dispensou o painel e os instruiu a retornar nesta quinta-feira pela manhã.

Em Nova York, falsificar registros é uma contravenção, a menos que os documentos tenham sido falsificados para esconder outro crime. O outro crime, dizem os promotores, foi a violação por parte de Trump da lei eleitoral estadual que proibia conspirar para ajudar uma campanha política usando “meios ilegais” – um crime que ele teria cometido durante sua campanha para presidente em 2016.

Esses meios, argumentam os promotores, poderiam incluir qualquer um de uma série de outros crimes. E, portanto, cada acusação individual de registros falsos contém vários crimes possíveis que os jurados devem se esforçar para compreender. O júri, composto por cinco mulheres e sete homens, além de seis suplentes, ouviu quase duas dezenas de testemunhas nas últimas cinco semanas.

Trump se declarou inocente e negou ter tido um caso extraconjugal com Daniels. Ele alega ser vítima de uma conspiração política. O republicano, que teve de comparecer a todas as audiências, decidiu não testemunhar em sua defesa. Em vez disso, aproveitou suas idas ao tribunal para alegar que o julgamento é uma manobra democrata para mantê-lo afastado da campanha eleitoral.

Seu advogado, Todd Blanche, disse aos jurados que os promotores não haviam provado seu caso porque confiaram no testemunho de Cohen, que ele definiu como a “personificação humana da dúvida razoável”.

Enquanto os jurados deliberavam dentro do tribunal, uma pequena multidão pró-Trump reuniu-se no parque, do outro lado da rua, cantando God Bless the USA, música tocada no início de cada comício de Trump. Christina Lo, de 70 anos, previu que o júri condenaria o ex-presidente. “Esse era o propósito”, disse. “Caso contrário, Biden não vencerá a eleição.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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