Entidades defendem a importância econômica de uma nova estrada na serra
A existência de uma nova pista de subida da serra é vista como fundamental para a cidade em diversos aspectos. Isso porque a atual estrada se encontra em estado precário, é alvo frequente de acidentes envolvendo carretas, caminhões e até automóveis de passeio. Uma pista alternativa pode ajudar a movimentar a economia, trazendo mais turistas e gerando também maior conforto para os petropolitanos que descem e sobem a serra diariamente.
No último domingo, a Tribuna de Petrópolis denunciou o envolvimento de uma das acionistas da Concer, concessionária que administra a rodovia BR-040, e do Consórcio Nova Subida da Serra, com a operação Lava Jato, da Justiça Federal. A Construcap detém 18% das ações da empresa e é suspeita de fraude licitatória e recebimento de propinas na contratação das obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio. No mês de julho, o presidente da empresa, Roberto Copabianco, foi preso temporariamente, em cumprimento a uma determinação do juiz Sérgio Moro, na Operação Abismo. Solto cinco dias depois, segue sendo investigado pela Justiça.
Um dos diretores da entidade NovaMosanta, Fernando Varella, considera o trecho da subida da serra estratégico para o município. Ele lembra que é pela rodovia BR-040 que chegam as matérias-primas e escoa a produção da indústria petropolitana, principal base econômica da cidade. Além disso, destaca que é por ela que 20 mil petropolitanos trafegam diariamente em direção ao trabalho na capital. Desse total, 15 mil motoristas e 5 mil pessoas utilizando o transporte público. Existe ainda o público que vem a passeio. São milhares de pessoas entre turistas e compradores do polo de moda da cidade, além dos cariocas que têm uma segunda residência na região.
“A nova subida da Serra, além de encurtar o tempo de viagem Rio-Petrópolis-Rio, vai proporcionar um maior conforto aos usuários da rodovia, além de se constituir, ela própria, numa atração por ser uma das mais modernas do país e por abrigar um túnel de quase 5km de extensão”, comentou.
Uma das etapas do projeto de construção da pista engloba também a ligação Bingen-Quitandinha, considerada de grande importância para o sistema viário da cidade. “Ela vai permitir aos veículos procedentes da região dos distritos e dos bairros como Fazenda Inglesa, Araras e Rio da Cidade, acessar a região do Quitandinha e Centro”, disse. Por outro lado, ele acredita que essa ligação vai permitir a manutenção do atual acesso ao centro da cidade para os veículos provenientes da cidade do Rio de Janeiro e de toda a Baixada Fluminense.
Para Varella, o pior que poderia acontecer para Petrópolis e os usuários da rodovia é a paralisação das obras de construção da nova subida da serra e as posições antagônicas entre os diversos órgãos governamentais: TCU, MPF, ANTT e a concessionária Concer. Além disso, ele lembra que a atual pista se encontra em estado precário. “A estrada está em péssimo estado de conservação, com inúmeros buracos, trincada, com ondulações, etc. Do mesmo modo, a pista de descida também começa a identificar os mesmos problemas, pela utilização de veículos pesados nas obras de construção da nova subida”, observou.
Um fato aliado ao outro gera uma situação econômica de esvaziamento: “O município perde turistas, compradores dos polos de moda e até mesmo a presença regular de veranistas”.
Philippe Guédon, coordenador da Frente Pró-Petrópolis (FPP), ressalta que a cidade depende muito de sua relação umbilical com o Rio de Janeiro e, consequentemente, pela estrada que liga o município a capital do estado. Ele questiona ainda: “Curioso que as obras param, mas o pedágio é pago. O valor de R$ 12,40 para percorrer trilhas perigosas, parece-me ser incompatível com as decisões da Concer e da ANTT”, concluiu.