Entorno do Allianz Parque tem cerveja em copos de plástico e cerco a ambulantes

13/07/2023 22:51
Por Ricado Magatti / Estadão

A briga entre palmeirenses e flamenguistas no entorno do Allianz Parque que resultou na morte da torcedora Gabriele Anelli Marchiano após ser atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro no último sábado fez a prefeitura de São Paulo reforçar a comerciantes a proibição de venda de bebidas alcoólicas em garrafas de vidro.

Na quarta, a Subprefeitura da Lapa enviou para donos de comércios nos arredores do Allianz Parque uma notificação assinada pelo subprefeito Ismar Marcilio de Freitas Neto para salientar a proibição da venda, comercialização e distribuição de bebidas alcoólicas num raio de 200 metros do estádio em dias de jogos.

Nesta quinta, horas antes de o São Paulo vencer o Palmeiras por 2 a 1 e avançar à semifinal da Copa do Brasil, o que se viu nas ruas que cercam a arena palmeirense, incluindo a Palestra Itália, que dá acesso ao portão principal do estádio, foi a substituição da garrafa pelos copos plásticos nos bares. A cerveja, porém, foi vendida e consumida normalmente.

O Estadão constatou que os mais de 20 estabelecimentos próximos à rua Palestra Itália serviram cerveja aos clientes em copos de plástico. Donos, gerentes e outros funcionários dos bares relataram à reportagem, porém, que não receberam qualquer notificação da prefeitura.

“Não recebi nada, mas já tinha decidido que ia vender em copo plástico”, disse Roberto Bacchi, o Caveira, dono da lanchonete homônima na Rua Caraíbas, a poucos metros portão A do estádio. “Quando é final de campeonato, a Polícia geralmente vem aqui dizer pra não usar garrafa. Mas depois em jogo menor ninguém aparece”, conta ele.

Funcionário de um dos bares que mais recebe palmeirense em dias de jogos relatou que o local não seguia uma padrão na comercialização de bebidas alcoólicas. “A gente fazia dos dois jeitos. Entregava garrafa ou o copo. Pra nós não muda nada”, relatou o colaborador, que não quis se identificar.

A lei estadual que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas dentro de estádios e ginásios e também em 200 metros a partir de sua entrada existe desde 27 de dezembro de 1996. O inciso IV do artigo 5º dessa legislação veta o uso de copos e garrafas de vidro e bebidas acondicionadas em lata.

A lei foi aprovada, entre outros motivos, graças à briga na final da Supercopa de Futebol Júnior em agosto de 1995, entre São Paulo e Palmeiras, quando um jovem foi morto e 102 pessoas acabaram feridas.

O policiamento foi reforçado nas ruas que cercam o Allianz Parque, o que espantou os ambulantes que geralmente ficam no local vendendo garrafas long necks de cerveja. Havia apenas ambulantes oferecendo outros itens, como bonés, faixas e camisas do Palmeiras.

No entanto, à medida que as ruas se encheram de palmeirenses, os policiais se afastaram e os ambulantes apareceram em profusão, sobretudo na rua Caraíbas, vendendo toda a sorte de bebidas, incluindo cervejas em long necks.

A Prefeitura disse que montou um plano para inibir a circulação de torcedores com garrafas, algo comum nos arredores de vários estádios na capital paulista, sobretudo na casa do Palmeiras, cercada de restaurantes, bares e lanchonetes, além de impedir que ambulantes circulassem nas ruas que cercam o estádio. Há mais de 20 comércios nas cercanias do estádio.

A reportagem notou que quatro horas antes da partida já havia viaturas e agentes da Polícia Militar nas proximidades do estádio, diferentemente do que ocorreu no último sábado. No momento da briga que resultou da morte de Gabriela Anelli, três horas antes do jogo, quase não havia policiamento.

A Prefeitura afirmou que intensificou os serviços de fiscalização, proteção e limpeza pública nas adjacências do Allianz Parque, com participação da Guarda Municipal e agentes da Subprefeitura Lapa, além da Secretaria Municipal das Subprefeituras.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana disse que há 36 agentes da Guarda Civil Metropolitana em 12 viaturas na atuação do patrulhamento das imediações da arena palmeirense.

Segundo a gestão de Ricardo Nunes, a Secretaria Municipal de Subprefeituras (SMSUB) disponibilizou 50 funcionários, 10 veículos e 10 Pontos de entrega voluntária, o que representa 30% a mais do que o usual.

As medidas foram tomadas após reunião feita na última terça-feira (11), entre clubes, torcidas organizadas, Polícia Militar, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Guarda Civil Metropolitana (GCM), Secretaria de Subprefeituras (SMSUB) e Secretaria de Limpeza Urbana (SELIMP).

O quadrilátero ao redor do estádio foi fechado quatro horas antes da partida. O bloqueio, que permite que apenas torcedores com ingressos se aproxime do entorno da arena palmeirense, ocorre ininterruptamente desde 2016, com respaldo do Ministério Público e do Palmeiras.

Últimas