Especialista conta como identificar e prevenir níveis prejudiciais de exaustão
Se em 2019 o termo “burnout” já era motivo de preocupação, em 2020 essa síndrome de esgotamento profissional passou a receber ainda mais atenção dos especialistas. Além de trazer uma série de desafios para a população mundial, como o confinamento e o luto, a pandemia também acendeu o holofote para a importância dos cuidados da saúde física e da saúde mental.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a síndrome de burnout na Classificação Internacional de Doenças no ano passado, mas essa lista entra em vigor a partir de janeiro de 2022. Segundo a OMS, o termo representa a fadiga e o estresse que as pessoas sentem quando estão sobrecarregadas ou perdem a motivação no trabalho.
Segundo Gabi Abaracon, mentora de autoconhecimento especialista em hipnoterapia e decodificação mente e corpo, o que mudou neste ano de pandemia é que a maioria das pessoas não tinha costume de trabalhar em casa. Ao migrarem para o home office, muitas ficaram trabalhando mais tempo do que se estivessem trabalhando fora o que contribui ainda mais para o desenvolvimento do burnout.
Gabi explica que algumas técnicas podem ser usadas para combater esse estresse crônico, entre elas a auto-hipnose e meditação. Mas ela ressalta: cada pessoa vai se identificar com um tipo de atividade. “Às vezes vai ser praticar algum exercício físico, fazer uma leitura”.
Porém, combater o burnout é uma estratégia secundária, o ideal mesmo é não chegar a esse estágio, segundo informou Gabi, que também é autora do capítulo “Assuma o descontrole da sua vida” do livro “O sucesso é treinável”. “A maioria das pessoas têm uma vida muito corrida e automática, onde quase não tem tempo para elas. Na verdade, a maioria nem sabe o quanto é importante se observar e tirar um tempo para elas. Vivem o ‘normal’ que geralmente é seguir a rotina basicamente de trabalho, afazeres de casa, comer e dormir”, afirma.
E viver no piloto automático tem muitas consequências negativas. Os sintomas do esgotamento geralmente são insônia, tristeza constante, dores no corpo, nervosismo, desânimo, ansiedade, perda de apetite, diminuição de libido e baixa imunidade. “O mais importante nisso tudo, além de perceber os sintomas é realmente se conhecer, pois não existe uma regra, cada pessoa é uma, pode ser que para uma o esgotamento se manifeste de uma forma e para outras pessoas se manifeste de outra. Então o mais importante além dos sintomas é a pessoa se conhecer para conseguir identificar se está realmente esgotada ou não”.
E todo esgotamento tem uma causa. Para Gabi, são os excessos que levam a essa exaustão. “Sabemos que nossa vida nunca será 100% equilibrada, e por vezes para alcançar algum objetivo temos que desequilibrar, porém, manter o desequilíbrio por muito tempo pode ser muito prejudicial e levar a níveis extremos de esgotamento”, diz.
Gabi destaca ainda que todo excesso esconde uma falta. “Então, é mais uma vez importante se observar, se conhecer para resolver questões internas que possam estar levando a esses excessos. Causas que talvez a pessoa nem saiba que existem, porém a mente guarda”.
A notícia boa é que há maneiras de não chegar a níveis extremos de esgotamento, mas para isso, a especialista alerta que é preciso dedicação ao autoconhecimento. “Sabendo onde encontrar essas respostas, porque sim, elas estão dentro de cada um – e basta o direcionamento para encontrá-las – será possível identificar e criar estratégias para não chegar a níveis prejudiciais de exaustão”, explica.
Gabi também dá dicas para que amigos e parentes que estão convivendo com as pessoas esgotadas possam sinalizar e ajudá-las. “Pergunte o que pode fazer por ela e importante: respeite. Às vezes a pessoa só quer ficar sozinha, e está tudo bem, avise que estará por perto qualquer coisa é só ela te chamar. Se ela quiser falar, escute, e caso ela não saiba te responder, dê sugestões”, afirma.
Neste momento, a especialista diz que é importante evitar comentários do tipo: “Eu te avisei que você precisava de ….”, “Eu sabia que isso ia acontecer”, “Porque você não fez o que te falei?”. “Apenas acolha, seja empática. Lembre, só a dona da dor sabe o quanto ela dói”, diz Gabi.