Especialista em Bem-Estar Animal dá dicas para facilitar a adaptação de novos pets

Por Aghata Paredes

A chegada de um novo animal a um lar é um momento de alegria e expectativa. Por outro lado, a adaptação ao novo ambiente envolve ajustes tanto para o pet quanto para os tutores. Nesse sentido, é fundamental criar um espaço seguro e confortável, estabelecer uma rotina desde o início e introduzir o novo integrante à casa de forma gradual e controlada. Em entrevista à Tribuna de Petrópolis, a especialista em bem-estar animal, Ana Cristina Ribeiro, presidente da ONG AnimaVida, falou sobre o tema e deu dicas para quem está vivenciando esse processo.

Antes de receber um novo membro peludo na família, é crucial preparar o ambiente e ajustar as expectativas. “Precisamos estar conscientes se teremos espaço, tempo e condições de cuidar adequadamente dele”, destaca Ana Cristina. Além disso, é importante realizar uma consulta veterinária. “Não só para a segurança do novo morador como dos demais na casa. Importante saber se ele tem alguma necessidade especial ou se pode se encaixar na rotina dos outros animais”, recomenda a especialista.

Outro aspecto que exige atenção é evitar possíveis conflitos com outros animais que já vivem no local. “A introdução do pet ao novo ambiente deve ser feita com os bichinhos que já vivem ali, devidamente contidos, e com portas, janelas e portões fechados para evitar uma fuga”, ressalta.

A presidente da ONG AnimaVida enfatiza a importância de estabelecer uma rotina desde o primeiro dia. “No início, isso não acontecerá de forma plena, já que o animal novo estará apartado dos animais antigos. Mas, não havendo sinais de agressividade entre eles, a aproximação deverá ser feita e observada pelo tutor”, explica. Nos primeiros dias, é comum que o novo pet apresente sinais de estresse ou ansiedade. “Nada deve ser imposto aos animais. Deve-se deixar fluir, mas sempre com a presença do tutor que deverá ter o controle da situação”, alerta.

Para introduzir o pet a outros animais de estimação, é necessário ter cautela, conforme aponta a especialista. “Evite o contato físico no início. Deixe o olfato atuar. Este sentido é muito poderoso nos animais. Somente depois disso, o contato físico poderá acontecer, mas com a contenção de todos, seja através de coleiras ou de grades”, recomenda Ana Cristina. Nos primeiros dias, situações como xixi ou fezes fora do lugar podem ocorrer. “No caso dos gatos, o uso da caixa de areia ou de canteiros de jardim é instintivo. No caso dos cães, o uso de tapetes higiênicos e a repreensão diante do erro podem ajudar. Frisando que a repreensão não precisa ser com agressividade. O tom de voz diferente, mais enérgico, fará com que o cão entenda o erro que está cometendo”, explica.

Foto: Unsplash

Oferecer um ambiente seguro e confortável é fundamental para a adaptação do pet. Além de um abrigo limpo, água, alimento, atenção, carinho e cuidado, é necessário, sobretudo, paciência. “Os animais reconhecem esses elementos, mas muitos tutores cometem erros comuns durante a adaptação de um novo pet. Não estabelecem regras e não têm paciência de mostrá-las aos animais”, aponta Ana Cristina.

Os filhotes requerem cuidados especiais em comparação aos pets adultos. “Dependendo da idade, alimentação apropriada, protegê-lo do contato com os mais velhos para que não se machuque com brincadeiras brutas, chamar a atenção quando ele estiver aborrecendo os mais velhos. E observá-lo para conhecer o seu temperamento e sua índole”, detalha a especialista. Garantir que o pet tenha um espaço próprio para descansar é vital. “O ideal é oferecer alternativas para que ele mesmo escolha o que quer. Nem sempre conseguimos nos antecipar a eles. Eles sempre se antecipam a nós”, observa.

Lidar com o choro ou a inquietação do pet durante a noite nos primeiros dias também é uma possibilidade. “Essa situação terá curta duração se o animal se sentir acolhido, tendo suas necessidades básicas atendidas”, assegura a especialista. Os sinais de que o pet está se adaptando bem ao novo lar incluem um comportamento tranquilo, alimentação correta, circulação relaxada pelo ambiente e aceitação da presença de outros animais.

Socializar o pet com visitantes e novas pessoas também exige cuidados. “Gatos, geralmente, se escondem na presença de pessoas que não conhecem. Os cães devem ser educados para esse contato e um bom começo são os passeios pelas ruas, onde eles verão pessoas desconhecidas e, com a orientação do tutor, aprenderão a lidar com elas”, conclui a especialista.

Ana Cristina Ribeiro é presidente da ONG AnimaVida e especialista em Bem-estar Animal pelo Instituto Bioethicus de Botucatu-SP, em parceria com o Cambridge e-Learning Institute. Ela comanda o programete “Mundo Pet” na Rádio Tribuna FM e desenvolve projetos de Educação Ambiental voltados para o bem-estar animal. Atualmente, está inserida no projeto Rota do Saber, onde dá aulas de Educação Ambiental na Escola Municipal Santa Maria Goretti, no Bingen, em Petrópolis.

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