Estou com medo
por Joaquim Eloy dos Santos, escritor
Permitam meus amigos leitores que eu abra uma súmula da história universal, rápida e objetiva, dela faça embrulho com todas as virulências que esvoaçam o por ai e confesse para todos: – Estou com medo!
Quem detém a verdade? Ninguém! Cada cabeça pensa de um jeito e muitas delas nem pensam. Ou pensam que pensam. O ser humano tem sido complexo desde aquela costela desagregada do primeiro homem. É assim mesmo que a história é contada. Desse jeito. Em seguida ser eleita a maior vilã da história, agora do reino animal: a serpente. O que ela fez? Nem ela sabe porque rasteja até hoje e detestando maçãs. E até que o resultado da conversa mole do ofídio, tornou-se muito interessante e deu no que deu essa humanidade desastrada quanto inconsequente. Os humanos perderam o paraíso, mas ganharam a promessa da bem-aventurança celeste, todos licenciados para continuarem devorando a tal e outras maçãs, sob bençãos religiosas e cartoriais. Devorem as maças do mundo!
As narrativas históricas contidas nas pesquisas dos estudiosos e difundidas pelos livros publicados a mãos cheias pelas eras do desenvolvimento humano, mostram que a humanidade sempre esteve perdida e continua do mesmo jeito. Em todos os pontos do planeta, as civilizações se entredevoraram com saciedades belicosas e, algumas vezes, dizimadas por doenças geradas por minúsculos seres vivos, verdadeiros “cleaners” de controle biológico, cruéis e indesejados, conquanto gerados pela própria incúria humana que fica bombardeando por aqui e por ali o indefeso território-lar e espalhando armas químicas para apressarem os diplomas de méritos guerreiros. Uma esbórnia sem precedentes, uma destruição gradativamente galopante, que tem levado o globo terrestre às descaracterizações já presentes e sob efeitos loucos que destruirão as esperanças do futuro.
Quem estará por aqui no futuro? Talvez os monges do Himalaia, bem escondidos em suas tocas de meditação? E meus descendentes, o que sofrerão no enfrentamento dos coronasvirus 20, 21, 25, 30, 45, 50……? Heim? Será que conseguirão todos aspirar os aromas da clorofila da ex floresta amazônica? Ou passearão de gôndolas cortando lamas de poluição? Ou torrarão nos desertos tórridos ou estarão afogados nos detritos da excrecência que está tomando o território dos mares e oceanos? Terão água potável para beber ou sugarão da terra o rescaldo dos petróleos arrancadas pela cobiça universal? E os exercícios com artefatos nucleares; os arranca-rabos dos ditos poderosos dirigentes do planeta? E o ar… Que ar?
Dureza, não?! Muitas cabeças ainda pensam – caminhemos com elas; outras e muitas nada pensam – vale a pena segui-las junto às bordas das escarpas íngremes! Ou o momento pede – urgente! – que passemos, heroicamente e com responsabilidade, pela Covid-19, o grande alerta nessa segunda década do século XXI, por que do jeito que andam (ou não andam) as coisas a humanidade não conseguirá atingir as primeiras décadas do próximo século XXII.
Que cada qual abra um escaninho no cérebro e nele deposite alguma esperança na correta lucidez humana e grite para que o universo dos buracos negros ouça, acorde e nos ajude.