Estresse no câmbio faz Haddad cancelar viagem

04/nov 07:00
Por Regina Silva e Fernanda Trisotto / Estadão

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou a viagem à Europa, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar da definição das medidas do pacote de corte de gastos do governo. Segundo nota do ministério, o ministro, que embarcaria na tarde desta segunda-feira, “estará em Brasília ao longo da próxima semana, dedicado aos temas domésticos”. Pela previsão anterior, Haddad ficaria fora do País até sábado, dia 9.

A viagem afastaria o ministro do País numa semana crucial para o governo, que é cobrado a apresentar o pacote de medidas de revisão de gastos. Prometido para “depois das eleições municipais”, o ajuste nas despesas elevou as expectativas do mercado em relação ao potencial das medidas.

“Não sei o motivo do cancelamento, mas consigo avaliar o resultado. É um sinal positivo. O mercado ficou absolutamente estressado com a notícia da viagem, pois isso de alguma forma simboliza uma falta de urgência na decisão de controle de gastos”, comentou ontem o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani. “Os mercados estão tensos com a questão fiscal combinada com o global um pouco pior, e isso tem levado o câmbio para quase R$ 5,90.”

A despeito da pressão pela divulgação de medidas, o governo tem agido em seu próprio ritmo, o que evidencia a diferença entre o tempo do mercado e da política. Na semana passada, esse descompasso gerou turbulência, especialmente no mercado de câmbio, onde a cotação do dólar disparou, atingindo R$ 5,86.

Cautela

Integrantes da equipe econômica reconhecem que o momento é delicado, mas têm seguido a orientação de Haddad de evitar vazamentos e antecipações sobre medidas fiscais. A abordagem ao estilo do que aconteceu nas semanas que antecederam o anúncio do arcabouço fiscal deixa o mercado mais nervoso, mas a avaliação dentro do governo é de que operadores ficarão assim com ou sem notícias da Fazenda.

Haddad é equipe estudam um pacote de revisão dos gastos, que pode impor um limite de aumento real de 2,5% por ano para as principais despesas do Orçamento, colocando o mesmo limite do teto do arcabouço fiscal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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