EUA têm atualmente desafios, como inflação em níveis inaceitáveis, diz Yellen
A secretária de Estado americana, Janet Yellen, realizou nesta terça-feira discurso otimista sobre a retomada econômica dos Estados Unidos, mas destacou problemas, como a inflação “em níveis inaceitáveis” que, segundo ela, o governo do presidente Joe Biden trabalha para ajudar a combater. Em participação em audiência do Comitê de Finanças do Senado, Yellen argumentou que um orçamento apropriado é necessário para complementar as medidas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para conter a trajetória dos preços. A participação dela na sessão do Legislativo tem como objetivo defender as propostas do governo para o orçamento.
Yellen destacou as medidas do governo para apoiar o quadro econômico, no auge da pandemia da covid-19. Agora, o país passa por uma transição, da forte retomada já vista para um crescimento “estável e firme”. Segundo ela, essa transição é um ponto crucial da agenda de Biden para colocar a inflação sob controle “sem sacrificar os ganhos econômicos que já fizemos”.
A autoridade disse que, com as medidas de apoio, foi possível conseguir agora um mercado de trabalho muito mais forte do que o antes previsto. Há, porém, “desafios macroeconômicos” presentes.
Além da inflação, Yellen citou problemas nas cadeias de produção ainda provocados pela pandemia. Existem efeitos negativos do lado da oferta em mercados de petróleo e alimentos, resultantes da guerra da Rússia na Ucrânia. De acordo com ela, legislação proposta pelo presidente, entre elas iniciativas em energia limpa e planos para reformar o mercado de medicamentos prescritos, podem ajudar a reduzir preços para os consumidores americanos.
Yellen também reafirmou o compromisso para fazer “todo o possível” para resistir à “guerra brutal” lançada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia. Ela recordou as sanções “sem precedentes” para pressionar Moscou a recuar e mencionou os claros efeitos na economia da Rússia, com forte contração econômica e inflação elevada.
Citou por fim seu esforço para avançar no acordo de reforma tributária internacional, com o objetivo de conseguir a aprovação de um imposto mínimo global, a fim de dar mais paridade de condições para empresas competirem por mercados.
Custos de energia
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que o governo do presidente Joe Biden tem feito “todo o possível” para reduzir os custos de energia. Durante a audiência em comitê do Senado em Washington, ela destacou o fato de que os preços estariam maiores, caso Biden não tivesse feito uma liberação “histórica” de estoques estratégicos.
Yellen disse que os EUA são independentes em energia, “mas estamos sujeitos aos mercados globais”. Segundo ela, seria “virtualmente possível nos isolar de choques como os que estão ocorrendo na Rússia e que movem os preços globais do petróleo”. Ela voltou a criticar a “guerra de Putin na Ucrânia”, referindo-se ao impacto nos preços de energia e alimentos globalmente. “Não somos os únicos países a enfrentar inflação”, lembrou.
A secretária do Tesouro também destacou a importância dos semicondutores e do esforço do governo americano para incentivar sua produção. De acordo com ela, várias fábricas se viram impossibilitadas de conseguir os chips necessários, prejudicando sua produção. Yellen disse que uma parcela da inflação atual é fruto desses problemas em cadeias, que o governo Biden busca resolver, incentivando a maior produção de semicondutores em geral e, sobretudo, em solo americano.
Yellen ressaltou novamente que combater a inflação “deve ser a prioridade número um” no quadro atual. Além do trabalho do Federal Reserve elevando juros, ela disse que o governo complementa isso com redução no déficit público.
A autoridade ainda comentou que, no início da retomada econômica, não havia petróleo suficiente nos mercados, o que puxou os preços para cima. Agora, há mais incentivos para as empresas aumentarem essa produção, apontou.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que o governo do presidente Joe Biden tem sido “extremamente ativo” em suas conversas com aliados da Europa, a fim de limitar a receita da Rússia com petróleo.