EUA: Tesouro vai prolongar isenção de sanções para pagamentos de energia russa

14/06/2022 18:18
Por Dow Jones Newswires / Estadão

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos decidiu prolongar a isenção de sanções para pagamento de energia da Rússia, que deveria expirar no dia 24 de junho. Com isso, as instituições financeiras do país ficam autorizadas a processar transações relacionadas às vendas de energia russa até 5 de dezembro. A data marca a previsão para que entre em vigor a proibição da União Europeia às importações de petróleo russo.

Enquanto os EUA proibiram a importação de energia russa, muitas vendas de energia no exterior estão sendo denominadas em dólares e, assim, a continuação da exclusão faria com que as instituições financeiras dos EUA processassem pagamentos pela energia russa em outros países.

“Esta licença proporcionará uma transição ordenada para ajudar nossa ampla coalizão a reduzir sua dependência energética da Rússia enquanto trabalhamos para restringir as fontes de receita do Kremlin”, disse uma porta-voz do Tesouro americano.

As vendas de energia têm sido uma enorme fonte de receita para a Rússia durante a guerra contra a Ucrânia e, por isso, as autoridades ocidentais têm procurado restringir esses fluxos e, assim, enfraquecer financeiramente Moscou. Mas, ao mesmo tempo, as autoridades estão lutando contra o aumento dos preços de energia e a mais forte inflação em décadas, pressionando-os a manter a energia russa no mercado e a oferta global estável. Os preços da gasolina nos EUA ultrapassaram recentemente o recorde de US$ 5 por galão. A inflação ao consumidor amplo subiu em maio no ritmo mais rápido em quatro décadas.

Para tentar reduzir as receitas russas ao mesmo tempo em que mantém os volumes globais de petróleo estáveis, os EUA e seus aliados discutem a possibilidade de estabelecer um teto para o preço do petróleo russo. Como as remessas de petróleo geralmente são seguradas na UE ou no Reino Unido, as autoridades estão explorando a possibilidade de permitir que as seguradoras cubram apenas remessas de petróleo russo que estejam abaixo do preço máximo, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

Além de estabelecer um embargo ao petróleo russo que entrará em vigor ainda este ano, a UE também aprovou a proibição de segurar embarques de petróleo russo. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, levantou preocupações sobre as duas medidas da UE que aumentam drasticamente o preço do petróleo globalmente. As autoridades teriam que projetar o possível teto de preço de maneira que seja consistente com a proibição de seguro da UE.

Mesmo antes de alguns dos passos ocidentais visando diretamente o setor de energia, a produção de petróleo russa diminuiu e os barris de petróleo russo estão sendo vendidos com desconto em comparação com os benchmarks globais, dizem analistas. A preocupação é que as novas medidas da UE – assim como a possível expiração da isenção dos EUA para processamento de pagamentos – possam forçar os russos a reduzir ainda mais a produção à medida que o armazenamento se esgota e eles precisem fechar os poços.

Em outras frentes, os EUA endureceram as sanções à Rússia, inclusive bloqueando as instituições financeiras do país de receber pagamentos da dívida soberana russa.

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