Ex-adversária, senadora virou principal trunfo do petista na busca pelo centro

30/10/2022 08:09
Por Luiz Vassallo e Beatriz Bulla / Estadão

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) chegou atrasada ao teatro da PUC-SP, na segunda-feira passada, porque estava fazendo campanha pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva em Niterói (RJ). Cumprimentava Lula, Fernando e Ana Estela Haddad, Geraldo Alckmin, Marina Silva e o economista Pérsio Arida, quando ouviu a apresentadora dizer: “Sei que você acabou de chegar, mas você tem fôlego para já falar?” A senadora titubeou por alguns segundos e perguntou: “É para pedir voto? Então estou pronta”.

A plateia era composta por apoiadores do PT, que não é o público da senadora, mas aplaudiu de pé o curto e enfático discurso em defesa de Lula. “Agora não é a hora da omissão, a omissão é um pecado capital contra o povo brasileiro.”

O apoio da emedebista foi o grande trunfo da campanha petista no segundo turno. O endosso da terceira colocada no primeiro turno já era esperado, mas a senadora surpreendeu a campanha com a rapidez da manifestação de apoio e o alto engajamento.

A presença de Simone nos atos pró-Lula passou a ser usada com a intenção de vender a ideia de que o petista tinha, enfim, conquistado uma frente ampla. Com discurso assertivo e distanciamento do PT, Simone tornou-se também uma rara voz crítica na campanha, ativista no convencimento de indecisos e uma das mais fortes lideranças políticas do palanque.

Nada disso surpreendeu Lula, que deixou clara sua visão sobre o tamanho que a senadora ocupa na política, durante o almoço no qual Simone anunciou que trabalharia para elegê-lo. “Você sabe que você não volta mais para lá, para Mato Grosso do Sul, né?”, disse Lula, três dias após o primeiro turno. A emedebista é cotada para assumir um ministério em um eventual governo Lula.

Simone condicionou seu apoio à incorporação de parte de sua agenda no projeto petista de um futuro governo, o que foi prontamente atendido. Entre as propostas estão a sanção de lei que regulamenta a equiparação salarial de homens e mulheres em um mesmo cargo e o compromisso de zerar a fila de consultas e cirurgias do SUS.

AGENDAS. Simone circulou nos comícios entre a militância e nos eventos com empresários, banqueiros, CEOs e economistas. Também participou das peças para a televisão da campanha e foi atuante em agendas em Minas. Defendeu a tese de que Lula precisava apresentar os planos de governo em mais detalhes e clareza. Três dias antes do segundo turno, o petista divulgou uma carta, na qual se compromete por escrito com a responsabilidade fiscal – apesar da decepção do mercado.

Simone pediu para que Lula e outros petistas passassem a vestir roupas brancas em eventos e a estimular a militância a deixar de lado o “vermelho PT”. “Não é hora de pregar para convertidos, agora é hora de conquistar votos”, disse, em uma reunião com influenciadores digitais. Lula ouviu. No ato do Tuca, estava de branco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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