Ex-guarda debocha da família real em vídeo e relata uso de cocaína entre soldados

04/01/2023 13:35
Por Redação / Estadão

Um ex-membro da Guarda Real britânica postou um vídeo de si mesmo enquanto trabalhava para a família real em 2020 onde debocha do trabalho e chama a guarda de “inútil”. Jimmie Straughan, de origem escocesa, foi demitido do cargo em 2022 após ser pego em um teste de drogas e denunciou para tabloides britânicos que o uso de cocaína é comum entre os soldados “entediados”.

Straughan postou na última segunda-feira, 2, um vídeo antigo que mostra o ex-guarda mexendo com sua arma enquanto protegia a Rainha Elizabeth II, morta em setembro de 2022. No próprio vídeo ele diz que a rainha estava insatisfeita com seu trabalho e já havia feito reclamações sobre ele. Nas imagens é possível ver duas pessoas ao fundo do Castelo de Windsor, quem Straughan disse ser a rainha e seu passeador de cães.

“Atualmente estou do lado de fora do Castelo de Windsor. Deveria cuidar da família real. Atualmente estou olhando para dois patos. Eu me importo? Não”, diz no vídeo que viralizou no Tik Tok e já acumula mais de 400 mil visualizações. Pela lei, guardas que registrarem imagens em serviço oficial ou da família real e suas propriedades cometem infração grave, com risco de expulsão.

Em entrevista para o MailOnline da Austrália, por onde tem viajado desde que foi demitido da guarda, o ex-soldado disse que não se arrepende do vídeo e fez apenas para aliviar o tédio do trabalho. “Nunca fui pego gravando o vídeo da rainha passeando com seus cachorros com um lacaio, mas ela ligou para a sala da guarda e me denunciou por mau comportamento no posto”, disse ele.

Straughan, que tinha 22 anos quando fez as filmagens, disse ao The Telegraph: “nunca tive problemas por fazer o vídeo, mas sei que era completamente contra as regras. Apenas ter seu telefone com você em serviço é contra as regras.”

Ele contou aos tabloides que acabou sendo demitido em março de 2022, após ser reprovado em um teste de drogas. Segundo ele, o uso de cocaína era “desenfreado” entre alguns soldados, devido ao tédio por realizar tarefas cerimoniais.

“Ser expulso foi a melhor coisa que já me aconteceu”, disse ao MailOnline. “Quando você se junta ao Exército, lhe é vendido um sonho de viajar pelo mundo e ir a lugares emocionantes, mas quando estávamos em deveres cerimoniais, era simplesmente um inferno.”

“Eu odiava quando tínhamos que ficar na frente dos turistas boquiabertos”, lembrou ele. “Lembro-me de pensar comigo mesmo: sou um soldado de verdade ou apenas um quebra-nozes?”

Ele denunciou que os soldados eram tratados de forma grosseira por superiores e até alguns membros da família real. Segundo ele, os soldados ganham apenas um salário mínimo, mas precisam viver em Londres o que impossibilita gastar o dinheiro na cidade devido ao custo de vida. O ex-guarda também relatou aborrecimento por ver colegas serem punidos por motivos pequenos, como olhar para o relógio no momento errado.

“Nós éramos os mais baixos dos baixos. Eu não era monarquista quando entrei para a Guarda, mas certamente não saí como tal. Em meus três anos no Exército, só conheci duas ou três pessoas que descreveria como monarquistas”, disse.

Ao Telegraph, um porta-voz do Ministério da Defesa disse que estava ciente de um vídeo antigo que estava circulando nas redes sociais. “Os soldados serão responsabilizados quando o uso da mídia social contrariar nossos valores e padrões ou causar descrédito ao Exército”, disse. “Isso se aplica a todos os membros do Exército, em serviço, folga ou licença e pode resultar em ação administrativa ou disciplinar.”

Mas uma fonte do ministério disse que a ação não pode ser tomada contra o ex-soldado especificamente, a menos que ele tenha cometido um crime sob a Lei de Segredos Oficiais, porque agora é um civil. “Embora não possamos comentar sobre este caso específico, tomamos medidas disciplinares contra os soldados que deixaram o serviço onde ocorreu um crime e é do serviço ou do interesse público fazê-lo”, disse o porta-voz.

Respondendo às alegações sobre o uso de drogas no quartel da guarda real, disse: “o Exército não tolera o abuso de drogas dentro de suas guarnições e qualquer um pego traficando ou usando drogas pode esperar ser dispensado. Temos uma política de testes de drogas compulsórios para reforçar esta mensagem e prevenir seu uso”.

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